terça-feira, 21 de setembro de 2010

Michael Jackson num voo da Varig, em 1996

Marcelo Senna é o editor executivo do jornal 'Extra'. Em 1996, ele dividiu um voo da Varig para Salvador com, ninguém mais, ninguém menos, do que Michael Joseph Jackson. Ele relata sua experiência com o Rei do Pop nesse depoimento bem interessante. Confiram!




"Michael Jackson num voo da Varig sem primeira classe? Conta outra!"

"Ele tem um olhar muito frio. Congelante." Esta foi a primeira impressão que eu tive no voo Rio-Salvador, que compartilhei com Michael Jackson há 13 anos, quando ele estava gravando com o Olodum. Mas essa impressão lentamente desapareceu quando eu testemunhei um lado do cantor que talvez poucos podiam conhecer. Nos setenta minutos que permaneci de pé cinco metros na frente da estrela, eu tentei todas as formas de entrevistá-lo. Dois seguranças assustadores, que poderiam estar em "Thriller", evitavam que eu me aproximasse.

Mas se eu não o entrevistei, apesar de ser o único repórter do mundo ali, eu testemunhei, de muito perto, uma performance que provocou um barulho dos cintos sendo desatados e fez todo mundo virar o pescoço para a primeira cadeira do Boeing 737 da Varig.

Michael Jackson passou a maior parte do voo brincando com seus companheiros, um menino e uma menina de seis anos na época. Com eles, seu olhar era diferente. Era doce. Em local vip, pude acompanhar atentamente o que poucos viram e ouviram: a história em que MJ interpretava um leãozinho perdido na floresta. As crianças ficaram encantadas com os rugidos e os rostos durante a história. Eu também. Foi melhor do que qualquer um dos clipes da mega estrela na TV. Este foi um clipe quase exclusivo, para mim e para as crianças.


Aquele foi o voo do frisson. Os 81 passageiros só respeitaram o aviso de apertar os cintos na decolagem e na aterrissagem. Lá no alto, muitos queriam chegar perto do astro. Sem sucesso, claro, já que os enormes cães de guarda proibiam qualquer contato. O próprio mito tentava esconder o rosto em aproximações maiores. Um ou outro conseguiu uma foto para provar que esteve no avião com o maior ídolo da música pop. Afinal, quem acreditaria na história? Michael Jackson num voo de carreira da Varig sem primeira classe? Conta outra.


Ele usava uma jaqueta vermelha da equipe de futebol Torpedos Soccer Team, calças pretas e chapéu. Ele entrou no avião com sua inseparável máscara cirúrgica, que tirou apenas depois que as portas estavam fechadas.

Fui um privilegiado porque permaneci de pé na frente da primeira fileira e não pude sair dali por muito tempo. Já tinha combinado com as aeromoças que iria parar ali quando elas servissem a comida. Assim o fiz. Mesmo com os pedidos dos seguranças para voltar a minha cadeira, expliquei que o carrinho da comida bloqueava o caminho. Uma bela desculpa.

As aeromoças, por sinal, disputaram para ver quem o servia. Michael adorou o guaraná e comeu de tudo: canapés de queijo, presunto e salame; ovos de codorna, frango empanado, abacaxi, uvas e quindim (é, há 13 anos o serviço de bordo era bom assim). Só fez cara feia para o croquete de carne.

Mas, quem teve o maior privilégio foi o comandante do voo. Michael foi à cabine e cantou a cappella, "Heal The World", quando o avião estava sobrevoando a Ilha de Itaparica (próximo a Salvador). E eu estava pensando que já tinha tido os melhores momentos da minha vida antes disso!
- Marcelo Senna, editor executivo do Extra. Depoimento dado em 2009.





Créditos:

Michael Jackson FC & MJJ Give In To Me

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