“Todo mundo está querendo um pedaço de Michael Jackson.” Um ano e meio depois da morte do ídolo, o verso soa ainda mais atual que quando foi registrado, em 2007, na faixa “Breaking news”, integrante do novo álbum do artista, Michael (Sony), que chega nesta semana às lojas com participações de Akon, Lenny Kravitz, 50 Cent e outros (gravadas depois da morte de Michael). A canção foi a primeira das dez do disco a ser divulgada, no início de novembro. Mais que a euforia dos fãs, o lançamento de “Breaking news” despertou ao menos duas grandes polêmicas sobre a validade do novo disco.
A primeira – mais problemática – é sobre a possibilidade de não ser Michael Jackson (1958-2009) o cantor de algumas faixas. Familiares, excluídos da produção do disco, afirmaram que “Breaking news” era uma fraude. “Ouvi a música e imediatamente disse que não era a voz dele”, comentou Randy, irmão de Jackson, em sua conta no Twitter sobre uma audição prévia que fez do álbum. “Em algumas das canções é ele e em outras não é. Eu apostaria minha vida nisso.”
Como tirar a dúvida? O timbre, a afinação e até os gritinhos levam a crer que Jackson canta no disco. Atestar que os vocais de uma música são ou não de um cantor é tarefa quase impossível. A gravadora afirmou ter “completa confiança” de que a voz é de Jackson. O advogado Howard Weitzman, encarregado do espólio de Michael, declarou que investigações legitimam as gravações. Segundo ele, a apuração incluiu o atestado de músicos que trabalharam com o cantor e até a contribuição de um “musicólogo forense”. Prova de que a única coisa incontestável em todo o episódio é a incrível capacidade de Jackson de continuar a inovar – ainda que no quesito “polêmicas” – mesmo após a morte.
A outra celeuma diz respeito à qualidade musical de Michael. Depois de fechar um dos maiores contratos musicais de todos os tempos – o mínimo de US$ 250 milhões por direitos sobre todas as gravações de Jackson –, a gravadora Sony foi acusada de oportunismo por fãs e críticos que ouviram o disco (ele vazou na internet na semana passada). O problema, para os adoradores de Jackson, foi a maneira como os registros foram trabalhados. Em “Hold my hand”, dueto com Akon, são tantos os recursos musicais que é mesmo difícil distinguir a voz de Jackson em certos momentos. É óbvia a pouca qualidade da gravação de alguns vocais de Jackson, chamados de meros “rascunhos” por alguns – há quem diga que há até registros feitos pelo telefone. Mas há recompensas: a balada “Much too soon” é uma composição da mesma época de “Thriller”, “Hollywood tonight” é perfeita para imitar Jackson nas pistas e “(I like) The way you love me” contém um trecho com orientações do cantor, com direito a beatbox para explicar como deveria ser a bateria. Se ficou do jeito que o rei queria, nunca vamos saber. Mas, apesar das polêmicas, ainda é um novo disco de Michael Jackson. E isso já é muito.
Fonte:Epoca