Um disco chamado "Ben", um filme chamado "Ben", um rato chamado "Ben"... e Michael Jackson (Record Mirror, Setembro 1972)
Record Mirror, 19 de setembro de 1972
Ben é o nome do mais recente álbum solo de Michael Jackson e o título de um novo filme que é a seqüência de Willard. Com exceção do mesmo nome, há poucas semelhanças entre os dois. O álbum provavelmente fará com que milhares corram até as lojas e o filme provavelmente fará com que uma quantidade igual corra para o banheiro.
Vendo pelo lado positivo, há o novo LP de Michael. Ele divide a capa do álbum com Ben: um grande rato preto, também estrela do filme mencionado. Na contra-capa está Michael usando um deslumbrante par de calças de couro marrom, sentado em uma bicicleta com um chapéu de aparência familiar em sua cabeça. Felizmente, o álbum é tão bom por dentro quanto Michael é bonito por fora.
O lado um abre com o tema-título: algo como uma canção de amor sobre um amigo, que Michael realiza muito convincentemente; considerando que é sobre um rato. Logo a seguir, há Greatest Show On Earth, que começa com alguns belos arranhões acústicos de guitarra. Temos instrumentos de corda a todo vapor e Michael em harmonia num vocal duplo. Ele voa por sobre um bom conjunto de letras. Conquista outra grande faixa no vinil. People Make The World Go Round é originalmente dos Stylistics, mas aqui recebe um tratamento excelente. As vozes de apoio femininas são bastante lisonjeiras. We’ve Got a Good Thing Going foi o Lado B de I Wanna Be Where You Are nos Estados Unidos. Tem as mesmas leves qualidades balançantes de Got To Be There e por esta razão empata com Greatest Show On Earth como minha escolha de possível melhor single. O Lado Um termina com uma versão quase irreconhecível daquela pérola esquecida chamada Everybody’s Somebody’s Fool. O shu-bop-shu-bop no fundo é a única pista sobre a idade desta música.
O lado dois abre com uma das grandes canções de todos os tempos – My Girl. Em sua maior parte permanece a mesma que na forma original, exceto pelo meio da faixa que, com novos arranjos, soa muito como uma canção chamada Don’t Let Your Baby Catch You Running Around que estará no álbum vindouro Lookin Through The Windows. What Goes Around Comes Around é uma prazerosa canção moderada; outra boa faixa do vinil. In Our Small Way é exatamente a mesma música que está no primeiro álbum solo de Michael. Não encontro nenhum motivo para isso, a não ser que talvez a mudança de Detroit para Los Angeles tenha feito com que alguém no controle de qualidade pegasse no sono. Acorde aí!! Shoo Be Doo Day, como a versão de Stevie Wonder, é o rock do álbum e You Can Cry On My Shoulder é a perfeita faixa de encerramento; não somente emociona, mas poderia aquela garota de doze anos resistir a tal convite?
Como em seu primeiro álbum solo, Michael Jackson mais uma vez provou que apenas porque você tem catorze anos não significa que deva soar como tal. Esta é a diferença entre os homens e os meninos, Donny [Osmond].
O filme, a propósito, é a seqüência de Willard. Ben e seus quatro mil amigos roedores tentam sobreviver nos esgotos da cidade enquanto as forças da civilização (leia-se a polícia de Los Angeles) tentam exterminá-los. Neste filme carregado de emoção (bocejo), Ben se torna amigo de um terrível ator infantil, que deveria sofrer de uma complicação cardíaca fatal na trama. O garoto encontra seu primeiro amigo nesta adorável bola de pêlos de quatro patas, e tenta ajudá-lo através de sua “luta por sobrevivência”. A tensão aumenta tal como um anúncio de Tankard, com a emoção que se pode encontrar numa história de amor da revista Woman’s Own. O melhor de todo o filme é que Michael Jackson canta a música tema. São filmes como este que podem destruir a raça humana com mais eficácia do que qualquer rato.
Traduzido por Lucas Bucchile
por Bruno Pórpora - MJBeats facebook | MJMoonwalker