Por: Irleide de Souza
Que a voz de Michael Jackson é privilegiada, isso é incontestável. Seus detratores, críticos musicais, produtores, professores de música e seus alunos, profissionais diversos da música, os que o amam, os que o odeiam e, é claro, seus fãs, são unânimes em afirmar que o alcance vocal de Jackson é único e sua voz é personalíssima, inigualável.
As características técnicas dessa tessitura vocal com tamanha amplitude eu deixo para a análise específica de um seleto grupo de “experts” no assunto. Eu pertenço a um outro grupo, provavelmente bem maior, daqueles que, embora não sendo especialistas em técnicas vocais, o amam com grande devoção e, não sendo surdos, conhecem o que é boa música e reconhecem uma voz especial. Sabemos que Michael treinava sua voz, a aquecia e cuidava dela como um tesouro, mas sabemos também que essa voz emergia da alma, como tudo que ele fez.
Mesmo não tendo ouvidos musicais, a minha trajetória gospel me ensinou a apreciar a boa música e a reconhecer alguns detalhes. Quem já cantou num grupo vocal de igreja ou montou uma banda no seu tempo de adolescente sabe do que estou falando. Você passa a ficar mais seletivo, seus ouvidos percebem melhor e distinguem mais facilmente sons como instrumentos vocais, arranjos, back vocals, subidas e descidas das vozes nada muito científico, apenas a capacidade de maior sensibilidade para ouvir.
Pois bem, foi essa percepção mínima, não muito aguçada nem sequer especializada que me conferiram hoje, o direito de falar da voz de Michael Jackson.
As características técnicas dessa tessitura vocal com tamanha amplitude eu deixo para a análise específica de um seleto grupo de “experts” no assunto. Eu pertenço a um outro grupo, provavelmente bem maior, daqueles que, embora não sendo especialistas em técnicas vocais, o amam com grande devoção e, não sendo surdos, conhecem o que é boa música e reconhecem uma voz especial. Sabemos que Michael treinava sua voz, a aquecia e cuidava dela como um tesouro, mas sabemos também que essa voz emergia da alma, como tudo que ele fez.
Mesmo não tendo ouvidos musicais, a minha trajetória gospel me ensinou a apreciar a boa música e a reconhecer alguns detalhes. Quem já cantou num grupo vocal de igreja ou montou uma banda no seu tempo de adolescente sabe do que estou falando. Você passa a ficar mais seletivo, seus ouvidos percebem melhor e distinguem mais facilmente sons como instrumentos vocais, arranjos, back vocals, subidas e descidas das vozes nada muito científico, apenas a capacidade de maior sensibilidade para ouvir.
Pois bem, foi essa percepção mínima, não muito aguçada nem sequer especializada que me conferiram hoje, o direito de falar da voz de Michael Jackson.
Primeiro, porque eu o conheço e o amo desde quando éramos crianças sim, já devo ter falado isso mais de uma vez, somos contemporâneos – crescemos juntos, adolescemos juntos, adultecemos juntos e ambos mantivemos o jeitão criança de ser. Acho que morremos juntos, pois parte grande de mim se foi naquele 25 de junho…
E é do tempo de menina minha primeira memória auditiva de Michael, quando ainda no Jackson Five, a interpretação angelical de criança por vezes assumia uma forma quase adulta, algumas reviravoltas na voz, uns lances assim tão maduros… Mas foi quando ouvi “One Day in your life” que me apaixonei de vez.
Aquela voz comunicava uma emoção que me contagiava e me fazia sentir como ele, ou pelo menos, como ele queria que eu sentisse.Sim, aquela voz tinha esse poder.Porisso chamo a minha fala de “um registro apaixonado” sobre o impacto que essa voz causa em mim: me transmite calma e ânimo, me instiga a pensar e me impulsiona a agir, me mantém viva.
Aquela voz comunicava uma emoção que me contagiava e me fazia sentir como ele, ou pelo menos, como ele queria que eu sentisse.Sim, aquela voz tinha esse poder.Porisso chamo a minha fala de “um registro apaixonado” sobre o impacto que essa voz causa em mim: me transmite calma e ânimo, me instiga a pensar e me impulsiona a agir, me mantém viva.
Eu te convido a ler esse texto e a viajar por algumas músicas que Michael Jackson interpretou. Para aproveitar melhor a viagem, desnude-se do preconceito e vá saboreando o menu que se apresenta.
Pra mim, leiga no assunto, ele tem muitas vozes, da aguda ao tenor possante, em todas as formas que se apresenta estão lá as marcas identitárias de Michael Jackson: a entrega total à sua arte, a intensidade, a sensualidade natural, entre outras. Mas os especialistas advertem- é uma só voz, dotada de grande amplitude, parecendo ser várias. Mas, voltamos à minha visão apaixonada.
Pra mim, leiga no assunto, ele tem muitas vozes, da aguda ao tenor possante, em todas as formas que se apresenta estão lá as marcas identitárias de Michael Jackson: a entrega total à sua arte, a intensidade, a sensualidade natural, entre outras. Mas os especialistas advertem- é uma só voz, dotada de grande amplitude, parecendo ser várias. Mas, voltamos à minha visão apaixonada.
Sua voz comunica movimento, mais do que isso, sua voz dança. É isso mesmo, costumo dizer que em Michael Jackson a voz dança e o corpo canta. Experimente assistir a um vídeo dele dançando sem som. Se você conhecer ao menos um pouco do seu repertório, saberá qual é a música, pois o corpo a interpreta com minúcias. E se apenas ouvir sua voz cantando virão em sua mente os movimentos. Sei que você dirá: Mas isso é óbvio, em se tratando de Jackson, pois ele produziu muitos vídeos clipes (short films) e, ao ouvir a música, é instantâneo evocar a imagem. Eu te responderei então: A maioria das centenas de músicas que ele deixou como legado não tem vídeos, pelo menos, oficiais,mas tente ouvir “Shake your body” sem sentir os movimentos. Conseguiu? É impossível.
Sua voz, como nenhuma outra, traduz emoções. Parece redundante dizer isso de um cantor tão expressivo como Michael, mas que outra voz se utilizou de tantos recursos para expressar o amor e o ódio, a solidão e o excesso, a paz e a guerra…? Estão registrados na história musical os gemidos dolorosos de quem chora um amor que se foi, de quem amarga a solidão mesmo em meio à multidão, de quem se revolta pelos elefantes dizimados, pelas florestas incendiadas; estão ali os sussurros aos pés do ouvido, a respiração ao microfone, o estalar da língua, o soluço, os gritos enrrouquecidos pedindo socorro ao planeta, ensandecidos denunciando o abuso da mídia,que, sem parcimônia e respeito, invade sua privacidade e, pior que tudo, produz infâmias sobre ele. Não faltam também os gritinhos agudos e brincalhões, zombando de quem leva a vida muito a sério. Esse Michael!!!!! Tente ao menos, não sentir paixão alguma ouvindo “Fall again” ou o mínimo de compaixão ao ouvir sentir a autobiográfica “Childhood”.
Sua voz derruba teorias. E ele, corajoso como só, não tem nenhum pudor de exibir a voz agudíssima, algo tão inédito para uma interpretação masculina, ainda mais de um cantor negro, da América tão cheia de hipocrisias e de falso puritanismo. Ele ousou desafiar o que estava posto e se fez único. Uma voz nem tipicamente feminina, nem propriamente masculina. Uma voz só dele, sem comparações, indecifrável e múltipla como só ele soube ser e, como ele próprio, não cabe em nenhuma categoria de classificação. A voz é maior que as escalas classificatórias, não se encaixa nos conceitos, menos ainda nos preconceitos.
Sua voz desenha. Quando eu o ouço, é como se ele utilizasse a voz assim como o pintor pega o pincel e fosse desenhando: linhas curvas e retas, arabescos, escadas que vão até as nuvens, sonhos impossíveis. E vai colorindo tudo também: a voz produz uma gama infinita de tons e matizes diversas, verdadeira aquarela musical. Mesmo quando a voz soa triste, nunca é cinza ou sem cor, pois diante dela, até a tristeza tem cores, suaves e pálidas, mas ainda assim estão lá. Nas músicas mais ritmadas e alegres, há um mosaico multicolorido, caleidoscópio perfeito e dançante.
Sua voz, como nenhuma outra, traduz emoções. Parece redundante dizer isso de um cantor tão expressivo como Michael, mas que outra voz se utilizou de tantos recursos para expressar o amor e o ódio, a solidão e o excesso, a paz e a guerra…? Estão registrados na história musical os gemidos dolorosos de quem chora um amor que se foi, de quem amarga a solidão mesmo em meio à multidão, de quem se revolta pelos elefantes dizimados, pelas florestas incendiadas; estão ali os sussurros aos pés do ouvido, a respiração ao microfone, o estalar da língua, o soluço, os gritos enrrouquecidos pedindo socorro ao planeta, ensandecidos denunciando o abuso da mídia,que, sem parcimônia e respeito, invade sua privacidade e, pior que tudo, produz infâmias sobre ele. Não faltam também os gritinhos agudos e brincalhões, zombando de quem leva a vida muito a sério. Esse Michael!!!!! Tente ao menos, não sentir paixão alguma ouvindo “Fall again” ou o mínimo de compaixão ao ouvir sentir a autobiográfica “Childhood”.
Sua voz derruba teorias. E ele, corajoso como só, não tem nenhum pudor de exibir a voz agudíssima, algo tão inédito para uma interpretação masculina, ainda mais de um cantor negro, da América tão cheia de hipocrisias e de falso puritanismo. Ele ousou desafiar o que estava posto e se fez único. Uma voz nem tipicamente feminina, nem propriamente masculina. Uma voz só dele, sem comparações, indecifrável e múltipla como só ele soube ser e, como ele próprio, não cabe em nenhuma categoria de classificação. A voz é maior que as escalas classificatórias, não se encaixa nos conceitos, menos ainda nos preconceitos.
Sua voz desenha. Quando eu o ouço, é como se ele utilizasse a voz assim como o pintor pega o pincel e fosse desenhando: linhas curvas e retas, arabescos, escadas que vão até as nuvens, sonhos impossíveis. E vai colorindo tudo também: a voz produz uma gama infinita de tons e matizes diversas, verdadeira aquarela musical. Mesmo quando a voz soa triste, nunca é cinza ou sem cor, pois diante dela, até a tristeza tem cores, suaves e pálidas, mas ainda assim estão lá. Nas músicas mais ritmadas e alegres, há um mosaico multicolorido, caleidoscópio perfeito e dançante.
Sua voz conclama. Chama os cidadãos à luta. Ela denuncia e anuncia também, pois como disse Paulo Freire, não basta a denúncia sem o anúncio. A voz esbraveja que o planeta está doente (Earth Song) denunciando a ganância do homem, mas essa mesma voz apresenta a solução e dá o anúncio da saída: a voz firme, pausada, ritmada e segura chama o homem do espelho à corresponsabilidade (Man in the mirror) e lhe diz: Tudo começa com você. Toda mudança começa com o homem do espelho. E ainda lhe impõe o dever de compartilhar a cura do planeta (Heal the World). Uma voz tão docemente convincente que impossibilita o não atendimento ao seu chamado e lá vamos nós, bandeira em punho, unidos na utopia de curar o mundo já tão sem jeito, e agora, também sem ele.
Sua voz seduz. Não bastassem todos os apelos irresistíveis, ainda mais esse. A voz é magnética e tem sexualidade própria: novamente os gemidos, os sussurros, os soluços….mas isso todo cantor pode fazer. Michael consegue ser sensual indo além do uso dessas artimanhas. Ele até utiliza muito esses recursos, mas eu quero dizer é que a sua voz soa sexy mesmo sem que ele queira. O tempo todo, e em todas as músicas. Me perdoem os homens, mas às vezes acho que só nós mulheres percebemos essas nuances. É uma voltinha na voz, que brinca com nossos sentimentos; é um estalo da língua que parece que a gente até pode vê-la tocando o céu da boca; é uma frase repetida em outro tom assim casual calculadamente; é aquele jeitinho de cantar chorando que mata a gente; é aquela voz que rasga, engasga, parece que a palavra entala na garganta dele e, quando sai, é pura magia; são as oscilações da altura, que mexem com a nossa imaginação; são esses e outros detalhes que não consigo descrever. E o curioso é que esse perfil sexy da voz de Michael está presente quando a voz é metálica, mais fria, quando é quente, rouca, poderosa; quando está bravo e eu chamo de “voz de galinho de briga”, que eu adoro; ou quando é de uma candura que não existe igual, que é a sua faceta “sweet Angel”, mais sexy ainda!!!
E aquele soprinho no microfone: O que é isso???? Arrepiante…Me faz acreditar cada vez mais, que Deus criou mesmo o homem a partir de um sopro nas narinas.
Sua voz transmite respeito aos seus fãs, canta o que eles querem ouvir, isso deixou sempre claro, até a derradeira This is it!
Somos gratos a Deus por esse homem que foi um instrumento bem afinado, que teve a capacidade de aliar a transpiração do trabalho árduo dos ensaios, exercícios vocais, horas a fio em estúdios com a inspiração divina do dom a ele conferido, que teve a a habilidade de transformar esse dom em arte e a compartilhá-la conosco. Sua belíssima voz é um presente a todos que o amamos e também um legado à humanidade e está eternizada nas suas canções.
Thanks, Michael. God bless you!
Sua voz transmite respeito aos seus fãs, canta o que eles querem ouvir, isso deixou sempre claro, até a derradeira This is it!
Somos gratos a Deus por esse homem que foi um instrumento bem afinado, que teve a capacidade de aliar a transpiração do trabalho árduo dos ensaios, exercícios vocais, horas a fio em estúdios com a inspiração divina do dom a ele conferido, que teve a a habilidade de transformar esse dom em arte e a compartilhá-la conosco. Sua belíssima voz é um presente a todos que o amamos e também um legado à humanidade e está eternizada nas suas canções.
Thanks, Michael. God bless you!
Maio/2011
Meus agradecimentos especiais á Irleide por mais este presente, este texto magnifico tentando decifrar as angelicais e apaixonadas notas de um outro presente nos dado – A voz de Michael Jackson … Obrigado meu Deus só posso agradecer!
Fonte :: Falando de Michael Jackson