domingo, 9 de maio de 2010

P 12- ROSE FINE - A TUTORA DE INFÂNCIA DE MICHAEL JACKSON



'Michael e eu falávamos sobre Rose Fine, sua tutora que acompanhou os Jackson 5 durante as turnês. Michael continuou ligado à ela até depois de ter crescido e a dar assistência financeira à ela sustentando-a pelo resto da vida. A conversa começa comigo e Michael falando da viagem de avião.'



MJ: Isso deixou uma cicatriz horrível em mim.



SB: O quê?



MJ: Turbulência e estar lá em cima pensando que não ia viver mais.



SB: Se lembra daquela história que me contou sobre a tutora judia?



MJ: Rose Fine?



SB: Você me disse uma vez ao telefone que ela costumava te dizer que se houvesse uma freira no avião todo mundo iria morrer.



MJ: Ela dizia, " Estamos bem, estamos sentados no avião e agora temos muita fé. Eu chequei... não havia nenhuma freira no avião." Eu sempre acreditei nisso.



SB: Você ainda procura por freiras no avião?



MJ: Eu penso nisso! Eu nunca vi uma freira no avião. Ela [Rose Fine] me ajudou muito por que segurava minha mão e me acalentava. Depois do show eu corria para a sala. Nós líamos e tomávamos leite quente e eu precisava tanto disso. Ele sempre me dizia, “A porta está aberta," e ela deixava a porta dela aberta.



SB: É possível que alguém que não seja o pai ou mãe biológico de uma criança possa amar tanto uma criança quanto se ama a própria? Você ama outras crianças como ama Prince e Paris?



MJ: Absolutamente.



SB: Eu sempre notei que uma coisa que impressiona em você é quando eu digo, "Prince e Paris são lindos," e você sempre diz, "Não, todas as crianças são lindas." Você não me deixa seguir assim apenas elogiando Prince e Paris.



MJ: Elas são lindas para mim. Eu vejo beleza em todas as crianças. Elas são todas lindas para mim. É tão lindo e eu as amo todas - igualmente. Eu costumava discutir com as pessoas que não concordavam comigo. Elas diziam que eu devia amar mais as minhas do que as outras.



SB: Rose Fine, embora não fosse sua mãe biológica, era capaz de te demonstrar muita afeição maternal?



MJ: E cara, eu precisava disso. Eu nunca estava com minha mãe quando pequeno era muito raro, e eu tinha uma mãe maravilhosa. Eu a vejo como um anjo, e eu estou sempre viajando, indo e voltando de turnês, por toda América, além mar, clubes, sempre fora. Isso me ajudou muito. Nós tomávamos conta dela [Rose Fine] , Janet e eu, até o dia em que ela morreu. Ela morreu recentemente.



SB: Você acha que ela deveria ser mencionada no contexto da nossa iniciativa de ajudar crianças?



MJ: Por favor. Ela precisar ser lembrada.



SB: Quantos anos ela tinha?



MJ: Ela nunca me dizia a idade dela. Eu acho que ela já tinha uns 90. Ela costumava dizer, "Quando eu me aposentar de vocês eu revelo minha idade." Mas quando ela se aposentou ela ainda não tinha me revelado. Ela estava conosco desde a primeira turnê dos Jackson 5 até eu os meus 18 anos. A primeira turnê foi depois de termos uma grande chance - o primeiro hit single. Ela sempre tinha o poder, como alguns concertos começavam tarde e ela sempre tinha o poder de parar o show por causa da Educação que dizia ' crianças não podem passar tempo legalmente (sem estudos)'. Mas ela sempre deixava passar. Ela não podia magoar a platéia.



SB: E então ela lecionava durante o dia?



MJ: Aha.



SB: Matérias básicas? Matemática? Inglês? Ela ensinava oara todos os cinco juntos?



MJ: Sim, todos juntos, por três horas. Ela ensinou Janet, todos eles.



SB: Me conte mais um pouco sobre ela?



MJ: Sim, Rose Fine morreu esse ano (2001). Janet e eu pagamos por enfermeiras e cuidados hospitalares, e se a televisão dela quebrasse ou ficasse sem eletricidade, ou qualquer coisa que estivesse indo errado na casa dela, nós pagamos as contas. Agora o marido dela está doente e eu estou tomando conta dele, pois sentimos que ela era nossa mãe e você cuida de sua mãe.



SB: Você sente mesmo isso?



MJ: Absolutamente. Ela era mais do que uma tutora e eu fiquei tão bravo comigo mesmo, pois quando ela morreu eu estava longe, muito longe. Eu não conseguiria chegar até lá. Eu estava na Suíça e Ewy [secretária de Michael] me telefonou e me disse que ela estava morta. Eu disse, "O quê? Eu estou na Suíça. Eu não posso..." Isso me deixo bravo, mas eu fiz tudo o que podia. Também me magoou quando eu fui visitá-la, eu disse, " Sr. Fine, é o Michael," e ela disse, "Você não é o Michael," e eu voltava a dizer, " Sou eu, o Michael," e ela dizia, " Não diga que você é o Michael. Você não é o Michael." Isso meio que finca no cérebro e eles não te reconhecem mais. Isso dói tanto. Envelhecer não é sempre bonito. É triste.



SB: Com quantos anos uma criança lida com algo assim? Você tentava conservar a sua juventude, seu jeito brincalhão, e todas as coisas das quais falamos a respeito. Você acha que envelhecer é uma maldição?



MJ: De certa forma, quando o corpo começa a deteriorar. Mas quando os idosos voltam a infância, eu já antes, eles ficam bastante brincalhões e crianções. Eu me relaciono bem com idosos por que eles têm aquelas qualidades de criança. Sempre que eu vou a um hospital eu sempre acho um jeito de ir em outros quartos para conversar com idosos. Eu fiz isso dois dias atrás, pois eu estava no hospital e eles são tão amáveis e te recebem como as crianças recebem.. Eles dizem, " Entre," e nós conversamos. Eles são simples e gentis.



SB: Então a vida é como um círculo. Você começa como criança e então passa pela fase adulta, que muitas vezes não é saudável. Há muitas coisas negativas sobre essa fase, e então você volta, numa idade avançada, àquela inocência, e se torna muito mais brincalhão. E se tem mais tempo como as crianças têm. Eu acho que é por isso que avós se dão tão bem com os netos.



MJ: Idosos e crianças são parecidos. Eles são livres e brincam livres e são simples e gentis. É um sentimento espiritual. Eu não visito lares de idosos o tanto visito os orfanatos. Muitos deles têm Alzheimer e não reconhecem. Mas eu sempre tenho ótimos relacionamentos com idosos. Eu adoro coversar com eles e eles te contam estórias de infância e como o mundo era naqueles dias e eu amo isso. Havia um idoso judeu em Nova York que muito tempo atrás me disse, " Sempre seja grato pelo seu talento e sempre dê aos pobres. Ajude outras pessoas. Quando eu era menino meu pai me dizia, ' Vamos pegar essas roupas e esses pães e vamos embrulhá-los, e vamos pelas ruas e subindo escadas batendo nas portas das pessoas para deixar os embrulhos à porta e corremos!' Eu perguntava, ' Por que você diz para correr?' e ele respondia, "Por que quando eles abrirem a porta não quero que sintam vergonha. São orgulhosos. Essa é a real caridade," Eu nunca esqueci isso [ a estória do velho]. Isso é doce, não é? E ele fazia isso quando menino o tempo todo.



SB: Então você tentou fazer atos caridosos que ninguém ficasse sabendo?



MJ: Sim, sem brandir nenhuma bandeira. Ele [o homem o qual Michael falava] dizia que a verdadeira caridade é dar de coração sem levar crédito, e quando ele corria ele não sabia o que havia deixado. Era como se Deus tivesse deixado cair lá, sabe? Era tão bonito. Eu nunca esqueci essa estória. Eu tinha uns 11 anos quando ele me contou isso. Ele era um judeu idoso e muito gentil. Eu lembro.



'Na religião Judaica a forma mais alta de caridade é quando o beneficiado não sabe a identidade do benfeitor, e o benfeitor não sabe a identidade do beneficiado. Daí o costume judeu de pôr dinheiro todos os dias em uma caixa de caridade em casa ou em uma fundação pública que mais tarde será distribuída para os pobres.'



SB: Ela [Rose Fine] era uma judia comprometida? Ela vigiava a fé dela? Ou ela era mais como uma judia sem comprometimento?



MJ: O quê isso significa?



SB: Ela se abstinha de viajar no Sabbath, ela comia apenas kosher food, coisas assim?



MJ: Não que eu lembre. Ela me ensinou muito sobre o Judaísmo. Eu não sei se ela comia Kosher food, mas sempre me sentia mal por ela por que o filho dela sofria muito. Ele era um médico que morreu cedo e no dia em que ele morreu, eu me lembro do quão pra baixo ela ficou. Ele era um médico maravilhoso, foi para Havard, era alto e bonito. Ele tinha um tipo de tumor cerebral. Eu não consigo imaginar perder um filho assim, não consigo imaginar perdendo qualquer criança.



SB: Você descobriu algo de bom sobre o Judaísmo de Rose Fine?



MJ: Ela me ensinou a cultura judaica e eu nunca esquecerei, quando eu era pequeno pousamos na Alemanha, e ela ficou tão quieta. Perguntei, "O quê foi, Senhorita Fine?" Sabe quando as crianças conseguem dizer se há algo de errado com suas mães? Ela disse. "Eu não gosto disso," E eu perguntei, "Por que?" E ela respondeu, " Muita gente sofreu aqui." Foi quando eu aprendi sobre os campos de concentração, através dela, pois eu não sabia nada a respeito disso. Eu nunca irei esquecer aquele sentimento. Ela disse que sentiu frio lá, ela podia sentir. Que pessoa gentil. Ela me ensinou as maravilhosas palavras dos livros e a ler, e eu nunca seria a mesma pessoa se não fosse por ela. Eu devo muito à ela e por isso que estou dedicando o novo album à ela.



SB: Você acha que ela te via como um filho?



MJ: Ela me chamava de filho. Sempre que subíamos no avião e viam sete meninos negros com um pai negro, nos tínhamos como grandes Afros, e então essa senhora branca e judia conosco. A paravam para perguntar, "Quem é você?" Ela respondia, "Eu sou a mãe." Ela sempre respondia isso e a deixavam passar. Estória doce. Ela era especial. Eu precisava dela.



SB: Ela mostrava amor incondicional?



MJ: Sim.



SB: Então você acha que amor incondicional pode ser demonstrado por duas pessoas que não têm vínculo sanguíneo?



MJ: Oh meu Deus, sim, claro! Eu acho que aprendi isso com ela. Eu vi e experimentei isso. Não importa o sangue, a raça, crença ou cor. Amor é amor e quebra todas as barreiras e você pode ver direito. Eu vejo isso nos olhos das crianças. Quando eu vejo crianças, eu vejo filhotinhos desamparados. Elas são tão doces. Como pode alguém machucá-las? Elas são tão maravilhosas.



SB: Ela morreu esse ano então isso significa que você tem que lidar com a perda. Como uma criança lida com a perda? Criança vive no paraíso, num mundo perfeito o qual estamos tentando descrever. Adultos estão sempre sendo corrompidos pelas guerras e ciúmes, e o cinismo, e de repente vem a morte e mesmo uma criança tem de lidar com isso. E como você lida com a morte? E como uma criança lida com a morte?



MJ: Sim, eu tenho que lidar com a morte e isso é muito difícil.




Credito: http://michaelfasmj.blogspot.com/

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