domingo, 9 de janeiro de 2011

The Ultimate Collection

Michael Jackson: O Cantor, O Escritor, O Compositor

por Nelson George em Set/2005
traduzido por Ricardo Hruschka



Se você dirigisse para Gary, Indiana nos passados anos 60, quando os maquinários da cidade ainda estavam pulsando com vigor, você veria fumaças sendo lançadas das fábricas, um símbolo veemente da vitalidade econômica e amplas oportunidades de emprego (e poluição também). Gary fora uma das muitas cidades que provia estabilidade para seus residentes e para os primeiros produtos feitos nesta nação. Para famílias negras, entrando na primeira década completa pós segregação racial da cidadania americana, Gary era um lugar de orgulho (o primeiro prefeito negro eleito em 1967) e ativismo político (uma convenção nacional de negros foi realizada no início de 1972). Claro que com esta posição, Gary estava sofrendo com o vôo branco, como tantas outras cidades, uma erosão de impostos e diversos problemas que levariam a uma devastação do senso de comunidade.

Foi de Gary, e isto é um tanto escabroso, numa honorável classe trabalhadora que agora parece perdida na história, que Michael Joseph Jackson emergiu. Seu pai era um operador de guindaste na US Steel, embora o coração de Joe estivesse na música. Ele tocava guitarra numa banda chamada The Falcons, que nunca saiu de Gary, mas aquele instrumento virou uma parte essencial das lições de música da família.
Katherine trabalhava meio período na Sears e em outras lojas locais, mas o foco principal dela era criar seus nove filhos na casa de três quartos na 825 Jackson Street (o que mais tarde poupou a cidade de ter de mudar o nome desta rua). Joe era sociável, severo e vigoroso. Katherine era calma, quieta e profundamente espiritual. Michael nasceu em 29 de agosto de 1958. Enquanto acontecia o baby boom da América isto ainda fez Michael velho suficiente nos anos 60 para sofrer o impacto do estilo afro-americano conhecido como soul.

Alguns dos melhores artistas que brilharam nos palcos americanos estrearam culturalmente nos anos 50 e 60. James Brown, Wilson Pickett, The Temptations, Otis Redding e Jackie Wilson. Dinâmico e dramático, poderoso e apaixonante, o mundo dos cantores de Soul, onde o jovem Michael cresceu, criou um padrão de artista e forma de cantar ao vivo nunca antes alcançados e deu ao século 21 algo que, com tecnologia e sabor, nunca serão equalizados de novo.

A maioria das crianças negras naquela época tinha contato com essas estrelas através de shows vespertinos, a rádio e a aparência singular do American Bandstand. O jovem Michael, cujos membros da família lembram de seu incrível poder vocal já aos dois anos, estava nos backstages ainda de fraldas. Em 1965 uma apresentação da família com Jermaine na bateria e vocal, Tito na guitarra, Jackie no vocal ainda com os pequenos irmão Marlon e Michael já estava em shows de talento. De fato, no final dos anos 60, o clã Jackson passou finais de semana inteiros dentro de vans, para se apresentar em Gary, então Chicago até o Harlem’s Apollo Theater onde eles ganharam as legendárias coroas.

O fenômeno American Idol de hoje tem suas raízes naquelas noites, em competições amadoras quando jovens cantores tentavam ganhar prêmios em dinheiro tentando ao máximo se colocar nos padrões pop daqueles tempos.
O sinal de Michael cantando hits de Brown, Wilson, Smokey Robinson e outros eletrizava a audiência negra e começou a trilhar uma atenção profissional voltada aos The Jackson Five. Mais do que isso, Michael começou a ganhar olhares de primeira mão de artistas como Brown e outras estrelas do R&B, podendo assim ver de perto e aprender todos os truques do estrelato.

The Jackson Five cortou um processo há muito tempo não visto nas gravadoras locais de Gary, a então chamada Steeltown Records, mas isto é de pouco interesse agora. A história real de Michael Jackson não começa até que os J5 assinassem um contrato com a Motown. Várias pessoas proclamaram terem “descobertos” os Jackson 5, desde o pouco conhecido Bobby Taylor, que liderava a banda chamada Vancouvers, até a grande Gladys Knight até a grande diva da Motown, Diana Ross. Mas o que é inquestionável é que o fundador da Motown, Berry Gordy ficou interessado no final dos anos 60 e fez uma festa para o grupo na sua casa em Detroit que então levou ele e todos os outros membros da equipe da empresa muito longe, tornando-os parte deste império.


A Educação Motown
Esta ligação entre os Jacksons e Berry Gordy veio numa transformação crucial na época para as gravadoras. Gordy estava no processo de mudar o centro de operações da Motown de Detroit para Los Angeles, necessitando de uma grande mudança na estrutura da empresa também, culturalmente falando. O incrível time de produtores de hits Eddie e Brian Holland e Lamont Dozier estavam processando a Motown por royalties não pagos, enquanto o estúdio Funk Brothers estava, devido à idade e posição geográfica, ficando defasado. Havia uma crescente pressão em Berry Gordy para dar maior liberdade artística para estrelas já estabelecidas (Stevie Wonder, Marvin Gaye) e atualizar o estilo de outros (The Temptations, Diana Ross).
Neste ambiente veio Michael e seus irmãos. Naquele tempo dizia-se que o primeiro objetivo de Gordy era oportunidades na televisão e em filmes, mas o brilhante potencial de Michael mudou seu foco. O lançamento deste grupo resultou em um diferente comercial pop com o selo que dominou os anos 60. Começando com “I Want You Back”, lançado no ano de 1969, e através dos singles que aqui você pode ouvir (“ABC”, “I´ll Be There”, “I Wanna Be Where You Are”) o presidente da Motown saiu de trás de sua mesa de controle e veio se tornar parte do time de produção-composição (conhecido como The Corporation) que guiou o talento ímpar de Michael dentro do prazeroso pop.

O impacto desta iniciação não pode ser subestimada. Enquanto sempre haviam crianças cantando e jovens fazendo o mesmo, nunca houve uma criança tão nova que cantava com tanta alma. Quarenta anos depois, esta exuberância continua saindo pelas suas caixas de som. Mesmo após tanto trabalho vocal que exige esta profissão, Michael ainda parece ter acabado de entrar no estúdio depois de ter saído de um playground. Este senso de alegria que você ouve de Michael nestas canções ainda me faz sorrir tanto quanto eu sorria na primeira vez que as ouvi.

Crucialmente, os Jackson Five se tornaram os primeiros ídolos negros adolescentes, com os seus passos legais, o cabelo Afro, entusiasmando adolescentes brancos e negros. A Motown teve um grande papel nos anos 60 apagando a separação racial, criando um som da jovem América ultrapassando horizontes (artistas e cultura negra para audiência de brancos). Esta idéia é vista como trivial agora, mas na era pós-segregação americana, os Jackson Five tiveram um papel significativo. Mais ainda, os fãs de Michael dos anos 70 ficariam com ele e seriam o combustível para o seu grande sucesso mais tarde.
A Jacksonmania atingiu em cheio a América de 70 e 71, estando em várias revistas como a Right On e a Tiger Beat com as aventuras dos Jackson Five que, logo após o concurso em Detroit deixou Gary de vez, entrando de vez na América, posicionando-se na nova era de artistas e entertainers negros na cidade de Los Angeles. Como a forma de viver da família mudou radicalmente, assim começaram as mudanças para Michael, iniciando alguns projetos solos. Se você ama ou odeia “Ben”, uma balada sobre um homem que está com uma relação complicada com um rato altamente inteligente, esta música deu valor para aspectos da voz de Michael – vulnerabilidade, suavidade, tristeza – que iriam voltar em seus trabalhos mais adultos.

As pessoas da Motown e de outras gravadoras já começavam a ver que os talentos de Michael estavam além de fazer performances. Freddie Perren, um membro do “The Corporation”, responsável pelas gravações iniciais dos Jackson Five, lembra: “Eu nunca vi nenhuma música que ele escreveu, mas eu sempre soube que ele poderia escrevê-las, havia um hit instrumental, 'Love is Blue', creio no ano de 70. Ele veio até mim um dia e me disse que achou uma das sessões interessantes. Então eu mostrei a ele no piano. Ele não tocava piano, mas extraiu com um dedo no piano. Conseguiu aprendê-la e ficou lá sentado aprendendo outras. Há um certo talento que se precisa ter em escrever músicas e eu pude ver que ele tinha isso”.

A adolescência foi um período difícil para os Jackson Five. Não eram mais os únicos bonitinhos, nem o legal grupo familiar (os Osmonds e os Sylvers tinham entrado em cena), e eles não estavam estabelecidos como veteranos.
O pequeno Michael estava crescendo, um cara alto fazendo performances de músicas infantis, que não se encaixavam mais. “Dancing Machine”, produzida por Hal Davis, equipe da Motown, seria o presságio do futuro de Michael. Esta música era um movimento dançante que entrou bem na época em que a disco estava emergindo. Nesta, Michael emprega uma voz rítmica, com aproximação vocal. Ainda havia um pouco de criança em sua voz, mas claramente, era apenas a transição de um cantor.


Os anos envolventes
Em 1976, os Jacksons saíram do mundo controlador da Motown por um contrato com a Epic Records, deixando para trás o Five do nome e o irmão Jermaine, adicionando o irmãozinho Randy na banda e novos produtores para o time. O guia deles para esta nova fase era Kenny Gamble e Leon Huff, os arquitetos do som da TSOP da Sound of Philadelphia. Trabalhando fora da Sigma Sound na cidade com uma comunidade de músicos conhecidos como MFSB, Gamble & Huff definiram a linha de produção pop dos inícios dos anos 70 da mesma maneira que a Motown fez nos anos 60. Eles tinham um som distinto que era facilmente reconhecida nas rádios pelo uso de guitarras, batidas fortes e estridentes vocais.


 



O maior sucesso desta colaboração em dois álbuns foi “Enjoy Yourself”, uma gravação não típica da Philly Record. Ao invés do padrão de Gamble e Huff, esta música trazia batidas diferentes e um tom de voz muito interessante de Michael.
Foi o trecho onde ele dizia “You can do it” (Você pode fazer isso!) que começou a mostrar uma agressividade e sensualidade emergindo da voz deste homem-criança.

“The Wiz”, o primeiro grande musical negro desde os anos 50, foi um desapontamento comercial em 1978, mas isto ainda deixaria um legado. Quincy Jones, um compositor nato de jazz, avaliador de talentos e um produtor pop crescente, tinha sido um afro-americano compositor também. Foi ele quem havia sido escalado para colocar o show da Broadway nas telas, Quincy teria seu primeiro contato com Michael. No filme Michael era o espantalho e Diana Ross, Dorothy nesta versão R&B de O Mágico de Oz, e os dois jovens amigos pareciam se sentir bem a vontade cantando “Ease on Down the Road” que é “We´re off to see the wizard” da peça. “You can´t win” é um lamento do espantalho, é uma colaboração prazerosa de Michael e Quincy, mas é melhor ainda se ouvi-la como uma precursora de um futuro brilhante.

Embora gravado o álbum Destiny dos Jackson, é apropriado dizer que “Shake Your Body” é o real início da carreira adulta de Michael Jackson. Como a versão demo mostra, Michael tinha uma visão muito clara desta gravação, a que seria maravilhosamente captada pelo seu co-produtor, o tecladista Greg Phillinganes (que continuaria sendo parte do time de Jackson até o final dos anos 80). A demo é pequena comparável à versão dinâmica final, mas nos permite ver como Michael trabalha sua voz, a sua pureza. Ainda existem outras fascinantes antes de seguirmos adiante para os fantásticos singles lançados. Começando com “Body” Michael manifesta realmente como ele tem crescido. Os vocais que suspiram mostram sua maturidade, mas ainda seu senso de brincadeira pode ser ouvido.
Embora sejam grandes as vendas que viriam, “Off The Wall” é ainda uma grande marca no mundo dos discos, pois este marca o histórico primeiro momento Jackson-Jones. Quincy estabeleceu-se como um gênio com seu estilo pop-jazz ou com o pop funk, como The Brothers Johnson (guitarrista-vocalista George, baixista Louis). Mas o trabalho brilhante de Quincy em “Off The Wall” trouxe ainda o brilhante Bruce Swedien, colocando-o na elite dos grandes produtores de discos.

Mas “Off The Wall” é também marcante pela qualidade das músicas escritas com Stevie Wonder e Paul McCartney como contribuidores. Rod Temperton, membro da banda de R&B Heatwave e compositor de músicas com melodias memoráveis, contribuiu com a música chefe e graciosa “Rock With You”. Os vocais de Michael em “Rock With You” são sublimes, sexy, um vocal incrível de uma incrível carreira. Entre as suaves músicas de Michael, esta música se tornou a trilha sonora de milhares de pistas de danças para seduções.
Tom Bahler, que co-produziu e fez os arranjos em “The Wiz” com Jones, contribuiu com a amável “She´s Out of My Life” que tornou uma marca de Jackson (e um ponto emocional alto em seus shows), similarmente à música “My Life” para Frank Sinatra. A vulnerabilidade, tendendo a fragilidade tornou-a uma canção típica de Michael Jackson e a transformou em uma grande balada.

“Sunset Driver” não apareceu em “Off The Wall”, cujo é um tributo à qualidade do material que foi feito, pois é uma canção que até então não havia sido lançada. Estilo funk e com batidas disco, teria sido o maior single lançado por algum cantor daquela época. De fato, quando você escuta a riqueza destas canções previamente não lançadas que estão neste projeto, seja “Scared of the Moon”, “Cheater” ou “Monkey Bussiness” você tem uma visão de quão doloroso é o processo de escolha do material para um disco.
“Scared of the Moon” é uma história sensitiva com arranjos de violão e piano que ficariam perfeitas num show da Broadway. Existe uma maravilhosa delicadeza nos arranjos, e no vocal a típica habilidade de Michael mudar sua voz de forma e mostrar suas emoções infantis. “Cheater” é da era onde foi produzido “Bad” e tem um excelente balanço entre os vocais principais nos versos e os tons suaves colocados no refrão. “Monkey Bussiness” é uma música do início dos anos 90 e contém a participação do mascote de Michael da época, Bubbles. Esta poderia ter sido uma música “estranha”, talvez por isso Michael finalmente decidiu não lançá-la comercialmente. Muito triste, pois ela contém um Marvin Gaye muito suave com um órgão gospel no fundo da voz de Michael no refrão. Ela também tem uma batida bem sexy e um teclado bastante quente, incomum nas músicas do cantor.

Michael é raramente discutido como um instrumentista, pois nossa visão dele é de um grande performista. Mas o argumento para sua grandeza nesta área começa nos arranjos de “Don´t Stop Till You Get Enough”. As camadas da percussão e os vocais, ambos coreografados artisticamente criam um drama e um êxtase nas pistas de dança e ainda balança muitas festas em pleno século 21. É uma das coisas que faz celebrar a arte de Michael aqui. É por isso que em entrevistas de Michael neste período ele falava que costumava compor suas músicas usando bateria e o piano, mostrando interesse nos dois, tanto em ritmo como em melodia.

“Ele é a essência do que um performista e um artista devem ser”, Quincy Jones me disse em uma entrevista no ano de 1982. “Michael tem tudo o que você precisa emocionalmente, e ele ainda leva tudo isso com grande disciplina. Oh, cara, ele costumava vir durante “Off The Wall” e encaixava dois vocais e três back-vocais em um único dia! Ele faz seus deveres de casa e ensaia e trabalha duro em casa também”.
Quanto ao desenvolvimento de Michael como um produtor Quincy observa: “A aproximação de Michael é bastante dramática. Muito concisa. Quando ele se compromete com uma idéia, ele vai até o fim com ela. Ele tem a presença de espírito para sentir alguma coisa, concebê-la e então trazê-la à vida. É uma grande jornada da idéia até a execução. Todo mundo que ir para o céu e ninguém quer morrer. É muito poder cara! Você tem que estar preparado emocionalmente e então colocar todas suas energias para que isso dê certo”. Então, transformando-se de produtor para profeta, Quincy adiciona: “Michael Jackson será o maior artista dos anos 80 e 90.”. E isso tudo foi antes de “Thriller”.

Maturidade Artística
“This Place Hotel” foi gravada pelos Jacksons na mesma época da entrevista de Quincy Jones, que apóia fortemente esta idéia. Este é o primeiro exemplo de cinema usando efeitos sonoros, temas de filmes de horror e uma brincadeira em transformar seu tom vocal para algo mais perigoso no seu trabalho. Quando você ouve a produção de Michael, existe esta ameaça aparente nos vocais que lidera em “Wanna Be Startin Something”, “Thriller”, “Smooth Criminal” e muitas de outras grandes canções. Uma insinuação de paranóia, muitas vezes melodicamente, muitas vezes parecendo um abismo, se torna outra ferramenta muito empregada.

É difícil escutar as músicas de “Thriller” e separá-las de seus vídeos. Para muitos de nós, as imagens definem as músicas. De fato, Michael pode ser discutido como o primeiro artista da era da MTV ao ter um disco inteiro conectado tão intimamente com a imaginação do público e sua interpretação visual. Porém ainda existe uma grande recompensa para aqueles que conseguem separá-los, tornando-as somente como músicas. Esqueça a jaqueta vermelha e a luva brilhante, o moonwalk.
Escute, ao invés, profundamente o som que abre “Beat It”, escute aos teclados (arranjados por Michael) que dá um tom de “perigo” à “Billie Jean”. Ou apenas foque no tom fantástico que Michael usa para cantar “PYT (Pretty Young Thing)”.

A chave para re-ouvir a música do álbum mais vendido na história da música é a voz de Michael. Todas as ferramentas que ele vem desenvolvendo desde “I Want You Back” estão sob total potência. A graciosidade, a agressividade, o crescimento, a masculinidade, os falsetes, a suavidade – esta combinação de elementos que marcam ele como o grande e o maior vocalista. Assim como ele aprendeu de Stevie Wonder, Jackie Wilson e James Brown, Michael educou musicalmente R. Kelly, Usher, Justin Timberlake e tantos outros, usando “Thriller” como guia.

Outra janela do poder artístico de Michael foi quando ele usou sua força no demo de “We Are The World”. Esta é outra música que nós provavelmente já estamos bastante familiarizados, embora a versão demo aqui contida, faça-se mostrar como nova. Embora escrita com Lionel Richie (que é provavelmente o pianista nesta versão), Michael fez todos os vocais desta música. Embora os ecos de Springsteen, Lauper e todos os outros artistas da versão histórica, a interpretação de Michael é um modelo da versão final e da demo, como prova de seu trabalho solo. O que este demo demonstra, mais uma vez, é a versatilidade da voz de Michael. No serviço de uma melodia bastante forte, Michael emprega todas suas características sem deixar a música cansativa. Talvez uma das chaves do sucesso de Michael como cantor pop seja sua habilidade de injetar tons de personalização em seu trabalho, enquanto permanece fiel às estruturas musicais (e para com seus co-escritores) que ele trabalha tão duramente para construir.
A maioria das músicas pop trabalha sob mesma estrutura de “verso-refrão-verso-refrão-bridge-verso-finalização”. É como se fosse os três atos na estrutura de um filme. Mesmo que você não seja um analista de cinema, você sabe quando são estes momentos. Então o desafio em escrever músicas pop (e no entretenimento também) é fazer com que aquele sentimento familiar, confortável torne-se excitante não só na primeira vez em que você ouve, mas em todas as outras vezes. Para um pop star que aspira um público de massa, este processo é crucial para a duração deste artista. Michael Jackson tem, desde os anos 80, respondido à este desafio estando aberto às mudanças radicais na música pop e sempre ampliando seu leque de colaboradores.

Como hip-hop intensificou sua presença na música popular e trouxe a cultura das ruas à massificação, Michael sintetizou e então traduziu sua energia em suas gravações. Sempre sintonizado às tendências, Michael focou consideravelmente sua criatividade nos ritmos de suas músicas no final dos anos 80 e 90. Quando você revisa “Bad”, “Smooth Criminal” e “The Way You Make Me Feel” você sente a combinação de uma bateria digital, muito teclado e outros elementos da percussão que pulsam como batidas de coração e porradas. Consequentemente, Michael tomou a estratégica decisão de tornar Teddy Riley seu novo produtor. Riley era o inovador, “o novo cara da música”, o que revolucionou a black music e fez astros como Bobby Brown, Keith Sweat e muitos outros. Esta aliança de Riley e o Rei do Pop criou pilhas de músicas (“Dangerous”, “Jam”, “Blood On the Dance Floor”) que estouravam nas rádios.
“Dangerous” de fato, abre para outra janela do processo artístico de Michael. Aqui está a primeira versão da música, muito diferente da versão final que está no álbum. Aqui as batidas estão espaçadas, em um forte contraste, uma música com ritmo mecânico. No decorrer da música Michael mantém falando um rap sobre uma perigosa mulher que é o assunto da música. Embora tudo isso, a versão final ficou muito mais “presente”. Também da era de “Dangerous” está “Someone Put Your Hand Out”, uma música doce de R&B que tem o clássico e suave MJ soando como em “Rock With You” e na recente “Butterflies”.

Mas enquanto Michael Jackson está na fase pós “Thriller” ele não mudou em sua essência. Com a ajuda de Riley ele fez músicas como “Remember The Time”, uma música que ecoava brilhante assim como aconteceu em “Rock With You”. De fato, “Remember The Time” é simbólica de como Michael, como um artista maduro, trabalhou com produtores de alta qualidade, permitindo a eles se expressarem mesmo usando suas incríveis habilidades musicais. Ele teve hits com uma variedade de talentos. “Man in the Mirror” foi escrita pela cantora Siedah Garret (que teve um hit com “Don´t Look any Further”) e Glen Ballard que mais tarde encontrou sucesso trabalhando com Alanis Morissette. O talentoso James ´Jimmy Jam´ Harris & Terry Lewis de Minneapolis, co-escreveram a estridente “Scream” com Michael e sua irmã superstar, Janet. Rodney Jerkins, um talentoso produtor de música que veio das igrejas, ajudou a escrever “You Rock My World”. A celeste “Butterflies” foi composta por British Duo Floetry. A amável e superba “You Are Not Alone” foi escrita por R. Kelly, uma das figuras mais significantes na música contemporânea.

Esta coleção é repleta com uma variedade de compositores e escritores. Tem músicas que você ouviu nas rádios desde sua infância.
Existem músicas que jamais viram à luz do dia como “Fall Again”, “In The Back”, “The Way You Love Me” e “We´ve Had Enough” que ajuda terminar nossa jornada na carreira de Michael. Ainda assim essa coletânea não soa como completa ou finalizada. Embora essas músicas foram primeiramente compostas ou de onde quer que vieram as inspirações para os escritores, quando Michael interpreta uma letra, ela se torna dele. A verdade é, não importa se Michael escreveu as músicas ou se elas foram co-escritas por outros ou se Michael ouviu a demo a resolveu gravá-las, mas no mix final, todas elas soam como Michael Jackson.

Michael Jackson fez suas primeiras gravações durante a Era de Áquario e continua fazendo-as na era do download. E nesse assunto não há quem o ultrapasse. Nem na longevidade, após todas as marcas atingidas por um artista ou os sinceros recordes de vendas por mais de cinco décadas. Dos Jackson Five aos The Jacksons, de Gary, Indiana para Hollywood, Califórnia, de aprendiz para grande mestre. Michael Jackson é realmente o rei do pop? A resposta está em suas mãos.


Fonte:
EDCYHIS \ MJJ Secret Lovers

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