sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Michael e Eu

Oi Gente,
Hoje vou compartilhar com vocês um depoimento que eu encontrei a algum tempinho, que me fez viajar na história dessa fã, tenho certeza que vocês vão curtir tb.


Michael e Eu




(Aqui está, numa versão aumentada, o texto que escrevi no dia 28 de junho de 2009 - e postei no meu blog "Aqui pra nós" no dia seguinte - com o título "Bye, Michael Jackson... meu ídolo de toda a vida!!!):

Michael Jackson nos deixou... e eu acho que ainda não caiu a ficha totalmente. Não pra mim, ainda mais que meus ídolos sempre fizeram parte da minha vida de uma forma muito intensa!

Tudo bem que ele nunca pareceu pisar mesmo aqui na Terra. Agora ele está livre pra flutuar pela lua no seu passo “moonwalk”. É provável que ele vá muito além da nossa lua, talvez visite outros planetas e as luas desses planetas, outras estrelas, outras galáxias... Michael não era mesmo desse mundo!

Eu queria ter escrito sobre este assunto aqui anteontem. Mas não consegui. Fiquei muito abalada pra querer saber de internet. No dia seguinte de sua partida pro outro lado, eu fiquei fazendo algo que normalmente não faço: vendo TV o dia inteiro, com notícias sobre ele... fiquei tentando acreditar no que via e ouvia.

O engraçado (que não tem nada de engraçado, na verdade) é que cerca de uns dois ou três dias antes dele nos deixar, eu estava na sala de TV, que é, assim como o meu quarto, o meu cômodo preferido da casa. Ali tem o “meu mundo” particular e meus maiores tesouros: meus livros, DVDs, VHSs, CDs, discos de vinil e K7s. É ali também que “moram” todos os meus avatares, minhas fadinhas, bruxinhas, anjinhos... É ali também que ficam minhas telas e tintas, e meu violão. Ali costumo escrever meus planos em agendas, pintar, assistir meus filmes preferidos (embora às vezes prefira assistir no meu quarto) e tocar meu violão, cantarolando as músicas que gosto. No meu futuro lar que já estou preparando, vou separar tudo isso. Mas confesso que adoro mesmo este cômodo, que também serve de quarto de hóspedes (já que nele há um sofá-cama) e de quarto de passar roupa (onde ficam a tábua e o ferro de passar). Nessa mistura organizada que há ali, eu gosto de pensar na vida, meditar, rezar... Ou apenas ficar vendo o céu, pela janela. Bom... tudo isso é pra contar como e onde eu estava quando de repente, eu senti um aperto no peito e comecei do nada, a cantar a música “Man in the mirror” (composta por Siedah Garrett e Glen Ballard pro álbum "Bad" de 1987, do Michael), sentada no sofá-cama e me olhando no “espelho” que o brilho do armário de madeira faz. Cantei a música toda, com muito sentimento. Pensando mesmo nas palavras que ela diz. Então comecei a “ter saudade” do Michael Jackson. Me deu uma baita vontade de assistir ao DVD e clipes dele que eu tenho. Na verdade eu tinha dois, mas um deles, que traz poucos clipes – só que todos em versões mais longas – sumiu misteriosamente da minha estante. Então assisti ao DVD pensando: “enquanto ele não volta, tenho como matar a saudade”.

Eu estava ansiosa por sua volta. E não só eu... No começo deste ano, eu estava na casa de uma amiga, quando ela disse que estava louca pra conhecer as novas músicas, shows e clipes do Michael. O primeiro e único Rei do Pop estava se preparando pra voltar a fazer seus shows e todos os ingressos já haviam sido esgotados. E o mundo esperava pra novamente se colocar aos pés da magestade que Michael sempre foi. E eu, naturalmente falaria aqui neste blog sobre sua volta espetacular aos palcos, com todo o meu entusiasmo de fã.

Infelizmente as coisas aconteceram de maneira muito diferente... e inesperada... e triste!!! Essa partida tão precoce de um dos meus maiores ídolos me pegou – e ao mundo todo – tão desprevenida que acabou me levando a uma quase-crise pessoal. Relembrei toda a minha vida até aqui. E ele sempre estivera “comigo”. SEMPRE. Esse cara me “acompanhou” por minha infância, adolescência e juventude. Não em partes dessas fases, mas em cada uma delas inteirinha!

Praticamente já nasci sabendo da existência dele. Ou melhor, quando eu nasci ele já era um astro de brilho incomum. Então, desde que me entendo por gente, sei que ele existe (EXISTE – não acredito em morte por isso não posso usar este verbo no passado).

Eu era uma criança muito inquieta e embora parasse na frente da TV pra ver desenhos, programas infantis e novelas, detestava jornal e programas jornalísticos em geral. Então, eu ouvia muito falar dele. Era Michael Jackson pra cá, Michael Jackson pra lá. Mas eu não sabia como ele era. Portanto, eu imaginava que ele fosse como a maioria das pessoas estrangeiras que eu via aparecer na TV e de quem eu nem sabia os nomes: branco, louro e de olhos azuis ou verdes. Não que eu fosse racista, mas eu era bem pequena e estava acostumava a ter essa imagem dos estrangeiros.

Um dia finalmente eu o vi. Não lembro em que programa, mas acho que era o “Fantástico”. Ele apareceu primeiro com seus irmãos e depois em um dos primeiros clipes de sua carreira-solo. Então perguntei pra quem estava do meu lado (que não lembro bem se era minha mãe, meu tio ou minha tia...): “O Michael Jackson é preto”? Era uma pergunta-afirmação, claro. Mas fiquei surpresa em ver um estrangeiro negro sendo tão popular! Foi a primeira coisa que me impressionou nele. Sinceramente, não sei explicar, mas sei que achei aquilo muito legal!

Histórias de uma fã...

O primeiro clipe dele que me lembro de ter visto inteiro foi “Beat it”. Eu amei essa música desde o primeiro momento em que a ouvi! Então, amei o clipe também. Michael Jackson cantando e dançando aquela coreografia me fez ficar de boca aberta diante da TV, paralisada! O interessante nesse clipe é que ele a medida em que andava, vinha dançando e se mexendo de um jeito muito... muito, digamos... muito Michael Jackson! Cheguei a pensar que talvez ele realmente andasse assim... dando passinhos de dança o tempo todo! Claro que eu ainda não entendia nada de inglês, mas era metida a cantar as músicas internacionais de que eu tanto gostava. Um tio meu, que sempre morou comigo tinha mania de fazer umas “traduções” engraçadas e eu costumava usá-las pra poder cantar as músicas que eu não entendia. Ao ouvir “Beat it”, meu tio se saiu com essa: “Mas esse cara pede sempre o mesmo prato! Ele não se cansa de comer pirê?! Só canta “pirê, pirê"! Bom... como todo mundo sabe, o certo é purê (geralmente de batatas) Mas também se fala “pirê”. Então eu vivia cantando o “pirê do Michael Jackson” o dia inteiro!

E não era só isso... Eu ia pra frente do espelho, no meu quarto e ficava TENTANDO imitar os passos dele nessa coreografia, ao mesmo tempo que cantava “pirê, pirê”, como uma maluquinha, embora soubesse que isso deveria significar tudo menos aquele prato que a minha avó costumava fazer e que combinava tão bem com aquele peixe frito ou ensopado do almoço-mais-caprichado-de-domingo. Embora eu não fosse uma criança extremamente tímida, eu não deixava ninguém me pegar fazendo aquilo! Morreria de vergonha se minha mãe por exemplo, me visse “em cena”.

Lembro que me orgulhava de ser a única aluna da minha classe que sabia falar o nome dele corretamente: “Maikééoll Djéaksan” e que mais por causa dele do que por qualquer outro motivo, a pirralhinha aqui passou a acompanhar o Jornal Hoje e o Nacional quase diariamente junto com os adultos de casa. Assim sendo, eu estava na frente da TV quando ele apareceu pela primeira vez fazendo o “Moonwalk”. Meu queixo voltou a cair, é claro! Na minha escola, os moleques ficavam disputando quem conseguia imitar o “Marcu Jekis” melhor! Ninguém conseguia nada, claro! Mais impressionada eu fiquei quando soube que ele tinha criado aquele passo – o que se confirmou anos mais tarde: o “moonwalk” foi mesmo invenção do Rei do Pop, já que o passo feito pelos artistas negros dos anos 40 era bem diferente: eles andavam pra trás, parecendo MESMO estar andando pra trás. Já o Michael, aparentemente estava andando pra frente mas... SURPRESA! Ele ia pra trás!!! Parecia estar em uma esteira!

(OBS: Esse passo, conhecido desde os anos 40 era feito nas ruas... E em 93, Michael disse onde o viu pela primeira vez: nas ruas, num gueto crianças negras faziam este passo, e ele o aprendeu ali, e o aprimorou em seguida o apresentando ao mundo. Michael nunca reinvindicou pra si a autoria do passo, embora ninguém antes dele tenha conseguindo realizá-lo daquela maneira que ele fazia tão bem.)

Mais tarde um falatório terrível: “Michael Jackson virou um monstro!”. Quando eu vi o clipe/filme de “Thriller” eu fiquei com medo. Minha tia ficava me dizendo: “é só um filme”, exatamente como ele próprio dizia à namorada, justamente neste filme! Passado o medo, me apaixonei por aquela coreografia – mais um show dele!

Não me lembro se foi antes ou depois de “Thriller” (clipe) que isso aconteceu, mas teve uma vez que eu o vi em uma apresentação em que ele apareceu sem a luva branca e após começar a cantar um dos seus sucessos de quando era criança, ele interrompeu a música e foi ANDANDO NORMALMENTE até os músicos e dizendo: “Stop!”. Ele não queria cantar aquilo e parou no meio. Mas o que mais me chamou atenção é que tive a resposta pra uma de minhas dúvidas de criança: sim, Michael andava normalmente, ele sabia sim, caminhar sem dançar! Que revelação! rsrsrs

Fiquei sabendo que a dança de Michael se chamava "Break" e ela virou mania no mundo todo, inclusive aqui no Brasil. Mas que era difícil o troço, ah isso era! Eu nunca me saí muito bem nas minhas inúmeras tentativas!

E assim continuou... só dava ele! Nas festinhas de aniversário de crianças da minha rua, em festas de casamento, festas da escola, no rádio, na TV, nas revistas que minha tia comprava, nas conversas de adultos e de crianças ele era sempre o som e o assunto. Era citado nas novelas e em todos os programas da TV, apareceu até em um desenho dos Flintstones como Michael Jackstone (isso não lembro quando, só lembro que eu vi)!

Lembro bem dos comentários sobre o acidente em que ele queimou o cabelo e fiquei feliz quando soube que ele estava bem...

Veio então o clipe de “We are the world”. Que coisa mais linda era aquilo!!! Passava toda hora, em todos os programas! Passei a admirá-lo mais ainda, porque sabia que ele era um dos principais cabeças da campanha e um dos dois autores da bela canção que reuniu numa só voz os maiores astros e estrelas da música americana da época (1985). Mais uma vez ele foi O assunto.

Polêmicas... calúnias... besteiras à granel...

Mas infelizmente não se falava apenas coisas boas sobre ele. Minha professora de inglês na época, a mesma que havia nos dado antes a letra de “We are the World” traduzida, andou falando umas coisas que me deixaram (e à turma toda) intrigada. Na época eu tinha uns 10 anos e foi a primeira vez que ouvi algo negativo a respeito daquele cantor de quem eu já era fã. Vou tentar colocar aqui as palavras dela, pelo menos como eu me lembro: “o Michael Jackson está tomando injeções pra clarear a pele. Ele quer se tornar branco. Ele quer mudar de raça! Já operou o nariz e os lábios pra não deixar nenhuma marca da raça negra nele. Reparem que na parte de dentro da capa do disco 'Usa For Africa', tem uma foto dele ao lado do Paul Simon e ele está mais branco que o Paul!”. Muito bem... eu reparei... Não o achei mais branco que o Paul Simon, não! Estava com a pele bem morena, mas parecia mesmo ter clareado um pouco. Suas mãos tinham a pele mais escura que a do rosto e isso me fez achar que talvez ele estivesse usando maquiagem no rosto. Mas por que ele usaria maquiagem? Maquiagem não era coisa de mulher?... Bom... de fato o nariz dele estava mesmo bem mais fino do que antes. Mas os lábios, se havia alguma diferença, não chegava a ser muito significativa, pois continuavam bem grossos.

De qualquer forma, eu me negava a acreditar naquilo, ou mesmo em ficar julgando-o como já tinha tanta gente fazendo. Preferiam levantar idéias malucas pra ficar falando mal do cara do que falar das doações que ele fazia e dos muitos gestos nobres que ele tinha.

Boatos absurdos surgiram: que ele dormia numa câmara de oxigênio pra rejuvenescer e viver até os 150 anos, que ele havia trocado todo o seu sangue porque não queria ter mais nenhuma gota de sangue negro (como se houvesse isso – afinal todo mundo tem sangue vermelho, oras!), que ele iria reaparecer louro no próximo disco, que ele queria ficar andrógeno, que ele estaria fazendo plásticas pra se parecer com sua grande paixão recolhida: Diana Ross... Boatos e mais boatos. Nada de concreto a não ser que ele estava gravando seu próximo disco cujo lançamento havia sido adiado pro ano seguinte.

Quase fiquei “de mal” com o Michael!!!

E em 87, o tão esperado LP “Bad” estava pra ser lançado. Eu estudava com uma fã fanática dele que não falava em outra coisa... Na TV, a Xuxa também não falava em outra coisa, afinal ele também é ídolo dela. Nessa época, o Michael já era visto como bizarro e tal... Eu tinha uma revista "Contigo!" que falava que ele queria comprar os ossos do "Homem Elefante". Outro boato, em meio a tantos... Finalmente, em agosto, "Bad" foi lançado. E Michael era novamente O assunto na minha escola, na minha rua e por toda parte.

Ao ver as novas fotos dele e assistir ao clipe de “Bad” no Fantástico, embora eu tenha adorado a música (impossível de ouvir parada) e a coreografia (supercriativa e inovadora, que eu tentava imitar a cada vez que ouvia a música), comecei a ir me deixando levar pelos boatos que se multiplicavam em torno da mudança imensa em sua aparência. Ele realmente estava branco (ou quase)! Ok... não estava louro, e na verdade nem estava branco (estava com um belo tom moreno - só que não era a cor dele), mas a pele havia mesmo clareado!

Ele estava bem maquiado, e com uma roupa que achei maneiraça! Estava dançando divinamente e eu ficava parada na frente da TV cada vez que ele aparecia!!! Lembro da Xuxa borrando sua roupa de batom em seu programa enquando dançava "Bad" e dizendo algo assim: "Nossa, como sou desastrada, me borrei toda! Meu ídolo não faria isso, nunca ia se borrar assim de batom" e completando, ela disse: "é... ele usa!". Achei engraçado o fato do Michael usar batom. No clipe de "Bad" dá pra ver que ele está de base e tal... com os olhos pintados, mas se está de batom é bem clarinho ou cor-de-boca.

Parecia que ele estava meio que se reconstruindo, criando uma nova imagem pra ele e que a maquiagem fazia parte dessa nova imagem. Havia algo de misterioso ali, algo por "trás dos panos" que eu não conseguia descobrir...

De qualquer forma o nariz mais fino e a pele bem mais clara me fizeram considerar os comentários que eram gerais: Michael não queria mesmo mais ser negro e estava dando um jeito de apagar o passado, fingindo ser branco. Meu Deus! Isso seria verdade? Se fosse, eu não acharia legal, já que eu havia tomado o antídoto anti-racismo fazia muito tempo!!! Eu não aceitaria aquilo! E pra piorar, havia meus próprios familiares dizendo coisas do tipo: “Como será que os pais do Michael se sentem vendo-o renegá-los dessa maneira? Ele deve ter renegado toda a família, que é negra, os irmãos, todos. Ele deve ter vergonha deles agora que virou branco, nem deve ter mais contato com eles”. E isso era geral! Todo mundo pensava – e falava – isso!

De fato o Michael apareceu mais sério e com cara de malvado no clipe de “Bad”. Ele parecia outra pessoa. Não sei se eu estava cega ou burra (ou o que é mais provável, influenciada pelos boatos maldosos) mas não percebi de imediato que aquilo era apenas mais um personagem que ele, ator nato que era, incorporava com perfeição. Comecei a achar que ele havia mesmo mudado. Que ele agora estava renegando sua raça, que estava deixando de ser o garoto gente boa e meigo pra ser um cara violento e antipático! Construí essa imagem dele na minha cabeça e isso durou um tempinho.

Mas logo essa imagem foi toda quebrada, derretida... ou sei lá o que! Foram várias coisas que me fizeram descobrir – ou reencontrar – por trás daquelas plásticas e daquela roupa maneira-mas-malvada o meu ídolo de sempre.

Havia uma propaganda da Pepsi, ainda em 87, em que um menino entrava em seu camarim, vestia suas roupas e seu chapéu e ficava imitando seus passos de dança. Depois, ele entrava ali e sorria pro menino. Uma propaganda tão simples e que serviu pra “quebrar o gelo”. Eu o vi sorrir novamente e era o mesmo sorriso de menino de sempre!

O clipe de “The way you make me feel” também ajudou nisso: ele aparecia nesse clipe com uma roupa bem normal e com uma cara (me refiro à expressão) bem diferente da cara de bad-boy do clipe de “Bad”. Era apenas um cara normal tentando conquistar uma garota bonitona. E com mais uma coreografia de fazer cair os queixos dos simples “mortais” como euzinha aqui!

E pra completar e fechar o ciclo do meu “retorno ao ídolo”, vi uma reportagem no Jornal Nacional que me emocionou bastante. Não lembro a data certa, mas ele recebeu um prêmio na escola em que estudara: uma escola pra alunos NEGROS. Ele foi lá receber a homenagem e estava todo feliz com isso. Foi aí que a ficha me caiu de vez! Ora, se ele quisesse mesmo, como os tagarelas de plantão diziam, se desvincular de seu passado, de suas raízes e origens negras e virar a página se tornando uma outra pessoa, ele naturalmente não compareceria ali naquele local que pertencia a seu passado – e muito menos pra ser chamado de negro em rede mundial (já que o evento contou com a presença da imprensa – como tudo o mais que se referia a ele e foi mostrado em todo o mundo). Mas ele estava ali e eu pude ver novamente o garoto meigo de sempre.

Enxerguei que ele não renegara sua raça. O motivo de seu clareamento eu ainda não sabia, mas com certeza deveria ser outro. E eu definitivamente estava disposta a não me preocupar mais com isso e não julgá-lo porque estava claro como água que ele não tinha vergonha ou raiva de ser chamado de negro. Eu não entendia porque ele nunca falava sobre este assunto, não dava entrevistas, não se defendia.. Mas um dia ele explicaria isso! Além do mais, não interessava se sua pele estava despigmentada. Ele sempre seria um representante da raça negra e acima disso um artista sem igual! E eu sempre seria sua fã!

E assim foi. Continuei agindo como a fã que eu era. Acompanhando-o, ouvindo suas músicas, assistindo todos os clipes, especiais e reportagens que passavam sobre ele na TV. Um clipe lançado em 88 me fascinou: Dirty Diana. Ele aparecia no palco e a música, que eu adorava era bem rock n' roll, com uma guitarra eletrizante! Tinha uma hora que ele rodopiava e em seguida se jogava de joelhos no chão pra depois se levantar de vagarzinho interpretando o "clima" que a letra da música sugeria. Vibrante! Meu Deus, isso é Michael Jackson!!! Uauuu!

Em janeiro de 89 quando eu estava com minha mãe, tio e uma amiga da minha mãe em Guarapari, deixei de ver a novela (e todo mundo em casa ficou sem “O Salvador da Patria” naquela noite) pra ver o especial sobre o Michael apresentado pela Via Negromonte (outra grande fã do nosso astro) no SBT. Pena qua ali não havia vídeo-cassete pra que eu pudesse gravar!!! Lembro que o cara que nos alugou a casa e que estava morando num trailler ao lado nessa quinzena entrou na sala e ficou vendo com a gente o especial. Ele disse, com os olhos pregados na TV: “Vai dançar assim lááá não sei onde!”. rsrsrs

Antes disso, no dia que eu ia ao cinema com a minha amiga (aquela que estudou comigo em 87 e 88 e que era fã de carteirinha dele) ver o filme “Moonwalk” eu simplesmente não pude sair porque tinha que estudar pra provas e minha mãe era assim: os estudos antes de tudo! Depois que as provas passaram o filme havia saído de cartaz. Mas naquele especial ali, do SBT, vi cenas desse filme que me fizeram querer vê-lo! Havia ali muita coisa legal, em especial o fantástico clipe de “Smooth Criminal”, que me fez novamente “babar” vendo o Michael dançar. Cara! Ele, junto com sua turma de dançarinos, botava seu nariz quase no chão sem sequer dobrar os joelhos ou a coluna! Qualquer um de nós, seres normais, que ousasse TENTAR fazer isso, certamente iria esborrachar a cara no chão! Mesmo que estivesse amarrado ao chão pelos pés, seria uma façanha incrível fazer aquilo!!! Ele também subia em uma mesinha e rodava, rodava, rodava... Sem apoio algum, sem rodinhas nos pés!

Todos os clipes que eu via, do Michael – o último até então havia sido o também ótimo “Leave me alone” me deixavam mesmo fascinada! Até minha madrinha, uma senhora já cinquentona, se encantava com a enorme criatividade dele!

Em 1991, com Black or White não foi diferente! O tão esperado e anunciado vídeo-clipe inovou mais uma vez e fez o mundo inteiro parar na frente da TV! O clipe era impressionante e mostrava Michael em todas as partes do mundo dançando com pessoas de todas as raças! A letra dizia “não importa se você é preto ou branco”. Ele finalmente, de uma maneira bem discreta, tocava no delicado assunto que o cercava nos últimos anos. Ali eu tive uma certeza estranha de que ele esclareceria isso mais tarde e mais diretamente.

Durante os anos de 92 e 93 o que vimos foi uma sucessão de músicas e clipes de qualidade impressionante. Um sucesso atrás do outro e Michael como sempre, no topo do mundo! "Remember the time", "Jam", "In the closet"... Durante 92 eu não perdia um dos clipes dele no Fantástico! E a cada um que via, ficava cada vez mais encantada com a qualidade musical, a variedade temática e a criatividade mostrada em cada clipe.

Em 93, mais clipes maravilhosos! "Give in to me" (uma música que eu adoro, uma das minhas preferidas dele), assim como Dirty Diana era uma obrap-prima roqueira e ganhou um clipe feito no show com a participação de Slash (super-guitarrista da minha banda preferida Guns N' Roses). "Will You be there?", música que sempre me causou uma emoção muito grande, ganhou um clipe também de show, onde ao final, ele aparecia sendo abraçado por um anjo.

Mùsicas como a que deu nome ao LP "Dangerous" e "Heal the World" completavam a coleção de pérolas deste trabalho fascinante do Michael.

Ok, "Thriller" bateu todos os récords de vendas e é maravilhoso (assim como seus outros trabalhos, principalmente "Bad" e "Off the wall"). Mas confesso que meu disco preferido do Michael, de todos, é o "Dangerous". Eu era uma jovem-adolescente, saindo da adolescência e realmente era uma fã mais consciente, entendia mais de música e a arte de Michael a essa altura me tocou de uma maneira mais profunda. Ele também havia amadurecido em seu trabalho. Consiedero "Dangerous" um trabalho mais maduro e mais ousado.

Revelação do vitiligo e vinda ao Brasil...

Em 93, no auge do sucesso e depois de 14 anos sem dar uma entrevista pra imprensa, ele apareceu no programa de Oprah Winfrey onde concedeu a entrevista que calaria a boca de muitos especuladores de plantão: revelou que não clareara sua pele por vontade própria e que era vítima da doença chamada vitiligo. Nesse momento, a peça que faltava do quebra-cabeça se encaixou perfeitamente, pra mim. Quando li sobre este assunto tudo ficou mais claro na minha mente. Eu comecei a ligar as coisas, algumas lembranças vieram à tona... Entendi o porquê das luvas e tudo o mais...

E pra confirmar minhas conclusões, eu comprei uma revista na época em que Michael veio ao Brasil. Mas antes de falar da revista, vou falar de algo muito importante: sua vinda ao Brasil. Michael viria se apresentar no Rio e em SP, mas ele desistiu de se apresentar no Rio após saber da chacina da Candelária, pois ficara assustado e sensibilizado com o acontecido.

Pois bem, em outubro de 93 eu ouvi pelo rádio, ao vivo sua apresentação em São Paulo e mesmo sem poder estar lá, eu estava em êxtase! Não parava de dizer pra mim mesma: “Ele está no Brasil, no Brasil!”. E cantei, gritei, vibrei, dancei, pulei e chorei como se estivesse lá no meio daquela multidão! Nos dias que ele esteve no Brasil, dias em que eu ficava mais ligada que o normal na televisão pra ver tudo que passava sobre ele e sua estada em solo tupiniquim, eu comprei um monte de jornais e revistas que traziam a cobertura completa da passagem da turnê Dangerous pelo Brasil. Numa dessas revistas (Manchete, cuja capa encontrei esses dias na net e vou postar aqui no Blog), bem na capa, havia uma foto grande e tirada beeeemmm de pertinho do Michael durante o show. Parecia já ser o final do show e a iluminação não escondia nada, pelo contrário, permitia uma visão bem clara do rosto dele. Com o suor, a maquiagem havia derretido e dava pra ver não só o sinal de barba (bem feita, claro) como também as manchas enormes e brancas espalhadas pelo rosto dele contrastando com pequenos restos de pele amarronzada que a ausência da maquiagem deixava à mostra. Eu não fiquei surpresa, porque ele já havia revelado que sofria da doença. Mas fiquei meio chocada com a visão daquilo. Claro que agora já vi imagens ainda mais chocantes no Youtube que mostram com clareza a doença que mudou a vida do maior ídolo pop de todos os tempos. Mas naquele momento era a primeira vez que eu via seu rosto manchado. Os lábios dele nem estavam tão finos quanto diziam...

(Pra quem ainda tem dúvidas quanto ao vitiligo de Michael, trarei em breve provas contundentes aqui neste blogo.)

Quanto ao nariz fino e o cabelo alisado... Oras, se uma pessoa branca faz plástica pra dar uma achatada em um nariz comprido e faz cachos no cabelo ninguém fala que a pessoa está querendo mudar de raça, né? O próprio Michael chegou a dizer umas coisas que nos levam a pensar no assunto. Primeiro, em 93 nessa famosa entrevista pra Oprah Winfrey ele disse: “Se todas as pessoas que fizeram plástica em Hollywood resolvessem tirar férias ao mesmo tempo, a cidade ficaria vazia”. Uns dez anos mais tarde ele comentou sobre o quanto o mercado de bronzeamento fatura e que ninguém acusa essas pessoas de quererem virar negras. E é verdade! As pessoas branquelas tostam no sol pra pegar uma corzinha e fazem até bronzeamento artificial. No entanto não são criticadas por isso. Já o Michael sofreu de uma doença irreversível e a única maneira de diminuir o contraste das manchas branquíssimas em sua pele negra era clarear as poucas partes escuras que ainda restavam em seu corpo. Se fosse o contrário estaria tudo bem! Quanta hipocrisia e quanto preconceito!!! Ele não parecia insatisfeito com sua raça, mas sim com o racismo. E achar que um negro não tem direito a fazer plástica, alisar cabelo ou mudar o formato do nariz é uma forma de racismo!

A verdade é que Michael Jackson foi um dos artistas que mais exaltou a raça negra. Ele fez o mundo inteiro, inclusive pessoas brancas ouvir “música de preto” e dançar “dança de preto” como nunca havia acontecido antes! Ele juntou todo mundo! Ele jamais abandonou seu estilo musical, que trazia a black music dentro de uma mistura irresistível de rock, soul, funk (do verdadeiro, não essa merda que temos no Brasil e conhecemos como pancadão) e etc. E também jamais deixou de lado sua dança de negão, que tanto encantou – e encanta – o mundo!

Ajudou a sua mãe África como nenhum outro artista! Esteve na África, fez campanhas e mais campanhas, sempre colocou artistas negros em seus clipes e em todos os trabalhos por ele realizados. Seu médico particular (agora o conhecemos) é negro. Michael, ao contrário do que as más línguas diziam, nunca fez troca de sangue nem se afastou dos pais e demais familiares. Pelo contrário: sempre esteve com eles. Ele jamais renegou sua família e sua origem. Essa é a mais pura (e óbvia) verdade (que mostrarei aqui).

Em 2003 eu assisti ao documentário feito por um jornalista que passou dias e dias vivendo dentro da casa do Michael em Neverland. Foi televisionado no Brasil pela Rede Bandeirantes (se não me engano). Ali eu vi ele dizer muitas coisas esclarecedoras. Ele perguntou ao repórter que mal há em se compartilhar a cama e mais uma vez se declarou inocente das acusações de pedofilia (o que no meu ver ficou provado quando ele decidiu encarar a situação e foi a julgamento – sendo absolvido). Disse que não era satisfeito com sua aparência, com suas espinhas, seu nariz e que não gostava de olhar-se no espelho.

Como ele próprio já tinha dito à Oprah Winfrey, seu porta-voz reafirmou em 2003: "Michael Jackson é ngro e sempre será negro". A frase de Michael dita à Oprah e reprisada no Globo Repórter exibido no dia seguinte à "morte" do Rei do Pop é muito clara:

"EU TENHO UMA DOENÇA DE PELE QUE DESTRÓI A PIGMENTAÇÃO DA MINHA PELE E NÃO HÁ NADA QUE EU POSSA FAZER PRA IMPEDIR. QUANDO INVENTAM QUE EU NÃO QUERO SER O QUE EU SOU, ISSO ME MACHUCA".

Isso me fez imaginar como ele devia se sentir com tanta gente falando asneiras sobre ele... Qualquer pessoa no lugar dele iria querer se isolar se refugiar em um mundo de fantasias. Mas nem mesmo lá ele teve paz. Ter dinheiro é bom mas tem suas desvantagens! Michael, o eterno Peter Pan que aparentemente não foi feliz no amor e se sentia sozinho gostava de viver cercado de crianças – além de seus próprios filhos... Mas até disso ele teve que abrir mão porque ficou traumatizado com isso. Aqueles que queriam extorqui-lo perderam a galinha dos ovos de ouro quando ele foi inocentado no tribunal e logo depois se mundou de Neverland dizendo que nunca mais andaria com crianças. Vou ser bem sincera: acho que a ausência de crianças e de seu mundo maravilhoso de Neverland só piorou seu estado emocional e deixou sua saúde física e mental ainda mais frágil.

Michael Jackson tinha suas esquisitices? Tinha! Mas grande parte dos famosos também têm! E muitos têm esquisitices mas não têm metade de seu talento. Fato é que ele se destacou MESMO pelo artista que sempre foi.

Ele foi realmente perfeito na arte de cantar, de compor, de dançar. Mas ele também tinha vários outros talentos (vários mesmo), e alguns deles merecem destaque:

Sabem aqueles desenhos do encarte do LP Thriller? Foi ele quem fez. E desenhava bem! Não dá pra ficar sério ao ver aquela imagem que ele fez de si mesmo e de Paul McCartney puxando (cada um por um braço) uma garota de boca aberta (gritando, claro) como se estivesse brincando de cabo de guerra! Era a ilustração da música "The Girl is Mine", na qual ele dividia os vocais com o ex-beatle.

Como ator Michael conseguia o mais importante: incorporar os personagens. E isso era visível nos clipes que ele fazia. Em “Thriller” por exemplo, ele incorporava aquele zumbi. E não é fácil dançar aquela coreografia toda mantendo a postura e a expressão de um verdadeiro zumbi! Pois ele fez e com perfeição!

Outra coisa que eu percebo nele, ou melhor, nas músicas dele, é que elas têm alguma coisa que realmente nos toca. Isso está muito forte em músicas como “Beat it”, “Dirty Diana”, “Another part of me”, Smooth criminal”, “Give in to me” entre outras. Elas têm a mesma “coisa” e eu sinceramente não sei explicar muito bem o que é. Mesmo tenho estudado quatro anos de violão, nunca me liguei em termos técnicos. Será ritmo, cadência?... Sei lá. Mas é a maneira como as notas musicais se encaixam e vão se modificando... as mesmas notas, em tons diferentes ou em posições invertidas. Algo simples e tão bonito que torna a melodia tocante e agradável aos ouvidos. Só sei que eu amo todas essas músicas e que cada vez que ouço uma delas não consigo ouvir apenas uma vez.

Bom... mas como não sei descrever bem essa coisa em comum que elas têm em suas melodias, vou postar aqui os clipes dessas músicas. Acredito que ouvindo vocês possam entender do que estou falando!

Falência e decadência... aonde?

Os sensacionalistas viviam dizendo que Michael estava decadente e falido. Acho que eu tenho conceitos diferentes dessas duas palavras. Ok, ele estava mesmo endividado e abalado após as acusações que sofreu. Mas se a fortuna dele é estimada em mais de um bilhão (na verdade bem mais) e ele deve MEIO bilhão como ele podia estar falido??? Mesmo que vendesse metade de seu patrimônio, continuaria um milionário! Mas ele não iria precisar disso porque estava retomando sua carreira.

Quanto à decadência... Bem, eu não vi isso, não. O cara vendeu mais de 750 milhões de discos e a cada turnê que fazia, batia novo record de público. A turnê que ele fez em 92/93 superou a de 87/88 e a de 96/97 superou a de 92/93. Isso é decadência? Um cara que lançava discos de quatro em quatro anos, ou de cinco em cinco, em média (e não um por ano, ou a cada dois anos como muitos cantores e bandas fazem) atingir uma marca tão alta e manter prestígio, sucesso, fama e popularidade em alta por mais de quatro décadas é estar decadente???

O álbum “Dangerous”, de 91 superou o “Bad”, de 87 que por sua vez superou “Off the wall”, the 79. Estes álbuns só não superaram “Thriller”, o mais vendido do mundo com mais de 100 MILHÕES de cópias vendias até hoje (que é um caso raro, um caso à parte, um fenômeno!).

Em 2001 ele lançou o disco “Invincible”, que devido aos desentendimentos de Michael com a Sony Music não teve divulgação, nem turnê e foi boicotado pela gravadora sendo tirado das lojas três meses depois. Apenas o clipe de uma música foi lançado: “You rock my world”, música que havia vazado na internet antes do lançamento. E mesmo assim, o CD vendeu mais de 11 milhões de cópias (atualmente já com 16 milhões vendidas) em plena era da internet, quando atingir uma marca dessas já era difícil até mesmo pros astros do momento!

E agora, Michael iria voltar... os ingressos se esgotaram por antecipação e ele teve que dobrar, triplicar, quadriplicar... os shows que faria: quase um milhão de fãs estavam com ingressos comprados pra vê-lo. Eu pergunto: Isso é decadência???

Fizeram de tudo pra derrubar o cara e ele continuou no seu trono por esse tempo todo! Isso é mesmo terrível pra quem sente INVEJA.

Eu só digo que realmente procuro entender meu ídolo e ver o lado positivo dele (que é muito maior que o negativo), como artista e como ser humano. A única coisa que "pegava" um pouco pra mim em relação ao Michael era o lance das músicas dos Beatles, mas também não gosto de julgá-lo por isso. Mesmo porque, como ele disse ao Paul: negócios são negócios. E realmente pra coisa funcionar, tem que ser "amigos, amigos e negócios à parte". Pelo menos nisso, Michael era esperto. Poxa, ele tinha que ser esperto em alguma coisa já que infelizmente muitas pessoas usaram e abusaram de seu bom coração e de sua ingenuidade...

Meu Deus! E não é que Michael Jackson bateu mesmo todos os récords e conseguiu agora mais um?! Hauhauha Este é o texto mais longo do meu blog. Tinha mesmo que ser dele! Mas eu preferia um milhão de vezes estar falando de sua volta e não de sua partida pro outro lado dessa vida!!!

Páro por aqui porque quanto mais eu falo dele, mas eu quero falar, mais eu lembro de coisas que quero comentar. E assim não vou parar nunca porque Michael é um assunto realmente sem fim.

Vamos ouvir suas músicas, assistir seus vídeo-clipes, cantar e dançar muito com ele! Michael Jackson, agora mais do que nunca pertence a eternidade... e à nossa saudade!

Michael, seja feliz na sua caminhada e se algum dia você teve dúvidas sobre o quanto é amado, bom...agora com certeza você sabe! Você parou o mundo pra te ver brilhar, e agora parou o mundo pra te ver partir... cedo demais... infelizmente! O vazio que você está deixando jamais será preenchido!!!

Vá com Deus, meu eterno e querido ídolo!!! ~

Fonte :: http://michaeljacksonsemprevivo.blogspot.com/search/label/Michael%20e%20eu

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