quinta-feira, 3 de março de 2011

As Dez Melhores Músicas de Michael Jackson

por Joe Vogel em 25/06/10



Ao longo dos últimos anos, enquanto eu trabalhava no meu livro ‘Man in the music: a criativa vida e obra de Michael Jackson’, eu tive a sorte de passar horas conversando com as pessoas que trabalharam mais próximas ao Rei do Pop. O trabalho de 500 páginas resultou em crônicas de toda sua carreira solo, álbum por álbum, canção por canção, então eu tenho necessariamente passado por seu catálogo inúmeras vezes, aprendendo a história, detalhes e meandros de sua construção.

Assim para o primeiro aniversário de sua trágica morte eu achei apropriado chamar a atenção de volta para o brilhantismo de seu trabalho. Enquanto algumas músicas desta lista são bem conhecidas, outras têm recebido pouca atenção. Um dos objetivos do meu livro é incentivar uma maior reavaliação do trabalho de Michael pós-anos 80, muitos dos quais são excelentes. Contrariando a sabedoria convencional, a arte de Jackson não declinou após Thriller; bem como os Beatles, evoluiu de forma emocionante e convincente. Infelizmente a maioria dos provedores de mídia e críticos de música ignoram essa evolução porque a) Eles não conseguem olhar para o passado sem a persona-tablóide de Jackson, e b) Ele nunca vendeu mais que Thriller (uma proeza, aliás que nenhum outro artista realizará). Mas há inúmeras preciosidades em seus últimos álbuns, e muitas outras que nem se quer estão em discos de estúdio.
 
Com tanta diversidade e qualidade de trabalho, chegar a um ‘Top Ten’, é uma tarefa assustadora e reconhecidamente subjetiva. No entanto se eu fosse forçado a reunir dez canções de MJ para segurar-se contra as melhores músicas dos Beatles ou Elvis Presley ou Prince, estas são as que eu traria.

1) Billie Jean
Não são muitos que ousam debater essa. Tanto críticos como fãs e pesquisas, consistentemente mostram ‘Billie Jean’ como uma das músicas mais populares da história e com razão. Nenhuma outra canção encarna, tão perfeitamente, os paradoxos, tensões e mistérios de seu criador. Sonoramente, é uma obra-prima. É uma rara música dançante que ao mesmo tempo que é instantaneamente reconhecida (com aquela linha de baixo sobre todas as linhas de baixo), ainda recompensa minuciosas e repetidas audições com camadas habilmente trabalhadas, texturas e efeitos. Seu tema escuro, entretanto, permanece persistentemente evasivo: a narrativa é explícita e enigmática, confissão e ocultação. A icônica performance no especial de 25 anos da Motown e o vídeo revolucionário da música, com certeza, só tem a adicionar à sua lenda.

Concluindo: Qualquer argumento para Jackson como um artista começa com ‘Billie Jean’, uma faixa que se tornou ainda mais notável pelo fato dele tê-la escrito e composto aos 24 anos de idade.
 
2) Stranger In Moscow –
Esta será uma escolha surpreendente para muitos, mas não para os mais familiarizados com o trabalho de Jackson. Esta é a versão de Jackson para a influente canção dos Beatles ‘A day in the life’: uma sombria e introspectiva balada em tom menor, que provavelmente contem a letra mais interessante da carreira de Jackson. A canção é sobre a alienação, a solidão, o desespero. “Eu estava perambulando na chuva”, ele canta, “Máscara da vida, sentimento insano”. Mais tarde, ele fala de uma “queda rápida e repentina de graça”, de estar sendo perseguido pela KGB, e de sentir internamente o “Armageddon do cérebro”. Sonoramente a música é discreta mas requintada, capturando perfeitamente a imparcial resignação do cantor em uma de suas horas mais sombrias. Embora nunca tenha feito parte das maiores coleções de hits, ao longo do tempo “Stranger In Moscow” se tornará, indiscutivelmente, uma de suas maiores realizações artísticas.


3) Wanna Be Startin’ Somethin’ –
Uma das marcas de Jackson como artista é sua habilidade para fundir estilos musicais aparentemente díspares, e este é o exemplo perfeito. “Startin’ Somethin’” contêm elementos de funk, disco, R&B, world music, afro-beat e gospel. Como “Billie Jean” tem também uma irresistível melodia de dança, mas é excêntrica, peculiar e brilhantemente construída. Embora o ritmo seja frenético e saltitante, a letra fala de ser comido como um vegetal e de um colapso mental. “É alto demais para superar”, ele canta, “Baixo demais para ter abrigo / Seu entrave no meio / E a dor é trovão”. O coral gospel perto do final é uma dos momentos mais marcantes da música popular.
 
4) Man in the Mirror –
Pode-se ter um forte motivo para argumentar que este clássico deveria ocupar uma posição mais alta na lista. Culturalmente ela está ao lado de “Imagine” de John Lennon e “Waht’s goin’ on” de Marvin Gaye como um dos hinos-definição na música popular. Do mesmo modo que Gaye e os clássicos de Lennon, foi para “Man in the Mirror” que de fato, a maior parte das pessoas se voltaram após a morte de Jackson. Os críticos têm opiniões variadas, mas não há como negar o poder desta música. Sua letra pareceria um pouco clichê se não fosse pela total convicção e paixão de Jackson. Vê-lo performar esta cação no Grammy Awards de 1988, ou simplesmente escutar a chamada majestosa em voz alta e a resposta com o ‘Andrae Crouch Singers Choir’, fará você acreditar na carga idealista de que a música pode mudar o mundo.


5) Earth Song –
Nos EUA, esta canção foi muito criticada, mas é uma das mais bem sucedidas de Jackson a nível mundial – e por boas razões.
Enquanto “Man in the Mirror’ é sobre inspiração, “Earth Song” é um aviso apocalíptico. “O que fizemos para o mundo”, ele canta, ‘Olhe o que fizemos”. Muito antes do movimento verde estar na moda, Jackson fez soar o alarme sobre a destruição que estamos fazendo para o planeta. “Earth Song”, no entanto, não é propaganda simplista, é um poderoso protesto artístico sob a forma de uma ópera de blues arrebatadora. O clímax desta canção é absolutamente de tirar o fôlego. O cinismo e a indiferença que se viu na América em 1995, diz muito mais sobre o país do que (sobre) a canção.
 
6) They don’t care about us –
Assim como “Earth Song”, “They don’t care about us” foi extremamente popular no mundo, mas ignorada nos Estados Unidos. Em parte devido a acusações ridículas de anti-semitismo. No contexto, é claro, a mensagem da canção é de solidariedade para com todos aqueles que são oprimidos, explorados e marginalizados. Esta mensagem é retransmitida em 2º plano por uma percussão fazendo o andar militar representando a polícia, e cordas que se agigantam sinistramente ao fundo.
Os vídeos da música, dirigidos por Spike Lee, foram filmados em uma favela no Rio de Janeiro e em uma prisão em Nova York. É uma música de indignação e capacitação, sem dúvida uma das canções-protesto mais poderosas dos anos 90.


7) Human Nature –
Esta linda synth-ballad* foi escrita por membros da banda Toto e entregue à perfeição por Jackson. As texturas e cores desta trilha evocativa apresentam tudo que havia de especial sobre a mágica colaboração entre Michael e Quincy Jones. Este era Michael Jackson quando as esperanças, sonhos e promessas do mundo ainda pareciam estabelecidas antes dele.

* Nota da tradutora: A synth-ballad é um estilo que faz parte do synth-pop, um gênero musical no qual o sintetizador é o instrumento musical dominante.
 
8) Who Is It –
As comparações com “Billie Jean” são apropriadas. Persistente, paranóica, uma linha de baixo pulsante, arranjos de cordas sinistros. Para aqueles que acham que Jackson não produziu nada de bom depois de Thirller, esta é uma das músicas para escutar. Escute a melodia etérea do coro soprano Gótico, ouça as camadas intrincadas do outro*, escute a dor e a solidão dos vocais [de Jackson]. Isto não é pop típico de jeito nenhum.


* Nota da tradutora: “Repeat and fade” – É uma regra musical usada em partituras, mas também pode ser aplicada literalmente: enquanto se repete os acordes principais da música e o cantor executa determinada frase/segmento, a mixação diminui gradativamente o volume até a música acabar.


9) Don’t Stop ‘Till You Get Enough –
O que não é para ser amado nesta música? Esta foi a descoberta de Michael Jackson como artista solo. A introdução ‘matreira’ de baixo, com Michael sussurrando timidamente tem sido descrita, adequadamente, como ‘dez segundos de perfeita tensão pop’.
O suspense cresce até Jackson soltar sua assinatura ‘ooooh’ e a trilha explode em um caleidoscópio de som. A partir daí a canção é puro êxtase e não dá trégua por seis minutos. Ela inicia um brilhante álbum que um crítico chamou de ‘A pedra Rosetta para todo o subseqüente R&B’.
 
10) Empatados – Beat It e Black or White –
Ok, eu falhei na última e escolhi duas. Mas elas vão bem juntas. Ambas contêm temas de consciência social (uma lida com a violência e a outra com o racismo), ambas foram hits nº. 1, quebraram barreiras musicais ou não. “Beat It” mescla rock e R&B de um modo nunca feito antes, forçando o rádio e a MTV a alterarem sua formatação, e abrindo as portas para inúmeros artistas negros.
“Black or White”, entretanto, se tornou o maior hit de Jackson desde “Billie Jean”, graças ao seu clássico riff de guitarra e ao vídeo audacioso e chocante. Um ‘top ten’ de MJ não estaria correto sem essas duas canções.

Nota do autor: Esta lista não inclui, obviamente, seu trabalho como membro do The Jacksons ou Jackson 5. É apenas meu ‘top ten’ de sua carreira solo.


Fonte:
Huffington Post \ MJJ Secret Lovers

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