quinta-feira, 3 de março de 2011

Um ano sem a força inquieta de Michael Jackson

por Marina Gold



Há um ano, no dia 25 de junho, morria em Los Angeles, Michael Jackson, o "rei do pop". Ídolo muito querido, artista talentoso, dançarino imitado pelas esquinas das maiores cidades do planeta, Jackson viveu uma vida que chama a atenção pelo excesso. Em todos os sentidos as coisas envolvendo o cantor eram extremadas: popularidade e solidão em doses cavalares, a força vista nos clips contrastando com a fragilidade infantilizada que aflorava nas entrevistas, a vibrante explosão de alegria nos palcos fazendo contraponto à angústia e depressão frequentemente denunciadas pela imprensa.

Numa palavra, Jackson era vulcânico. Sua marca deixava, sempre, força e grandeza em tudo o que fazia e com o que se relacionava. Sem medo de se afastar do convencional, chegava ao limite nas suas escolhas, atitudes, problemas, dúvidas, polêmicas etc.

O meu interesse é entender qual suporte esotérico, qual espiritualidade de base gerava uma inquietação tamanha? Uma trajetória assim, fortemente marcada por altos e baixos, nos faz pensar no esforço de busca de serenidade e equilíbrio. Os espíritos em seu movimento de crescimento percorrem caminhos ambíguos, vão continuamente se libertando e se aprisionando em relação às ilusões do mundo material.
 
Jackson vivia essa dicotomia com toda a intensidade, caso agudo. Sua vida é cheia de perfeitos exemplos de procura quase desesperada (e algumas vezes, tudo indica, desesperada mesmo!) pelo caminho simples, o caminho convencional que o artista, a celebridade, vê, comumente, negado. A infância cheia de problemas e desafios desde cedo, como algumas vezes o cantor comentou com visível mágoa, foi exigido que trabalhasse duro, quase desumanamente, para ser artista, os escândalos, os processos judiciais, os casamentos, a reclusão em uma casa que mais parecia uma "terra dos sonhos"... obstáculos, dificuldades, uma trilha conturbada para se dizer o mínimo.

Além disso, a mais visível demonstração dos conflitos internos experimentados pelo cantor, a mais impressionante e complicada, foi a enorme transformação da sua imagem física. Seu rosto se renova incansavelmente todo ano. Cada vez mais radicalmente seu aspecto vai se alterando. Estampa na própria face a impossibilidade de manter quem é, sempre procurando um outro que, pouco tempo depois, precisará sumir para que novo outro surja e assim por diante.

O que isso nos ensina? Instruí acerca do esforço que precisamos todos fazer para convivermos melhor com nossa própria identidade, com a espiritualidade de base que carregamos dentro de nós e que, em última análise, é nossa verdade mais legítima do que qualquer rosto.

Hoje, contudo, esqueçamos o rosto (que, aliás, não há mais). O espírito sim merece ser celebrado. Vamos valorizar o aspecto luminoso da caminhada de Michael Jackson: aqui, ali, no Pelourinho em Salvador e por todo lado espalhando generosa felicidade. Sigamos o exemplo e seguramente ele, agora confortado e em paz, acompanhará com aquele invejável molejo as batidas dos corações.


Fonte:
Redação Terra / MJJ Secret Lovers
 
 

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