terça-feira, 22 de março de 2011

Desabafo de uma fã órfã - Um ano depois


por Aninha em 25/06/10

Faz um ano que escrevi o texto acima. Lembro que foi um dia dificil. Um dia chato no trabalho, e a noite que se seguiu não ajudou muito. Hoje, se me perguntarem os maiores choques que tomei na vida, posso claramente dizer que a passagem de MJ foi um deles. Lembro que fui trabalhar cabisbaixa, com uma camiseta que minha irmã ganhou dos meus pais em 1993, no show que Michael Jackson fez aqui no Brasil. Aguentei piadinhas idiotas de um pessoal que trabalhava comigo, mas o que me fazia continuar trabalhando sem xingar ninguém eram os comentários que deixavam nesse post, de um ano atrás.

Um ano inteiro se foi, já mudei de emprego duas vezes, tenho as minhas próprias camisetas do Michael Jackson. Mas tenho que confessar que algumas coisas permanecem: ainda defendo Michael Jackson como se fosse um parente meu, ainda não consigo relacionar a palavra "morte" com seu nome e ainda não sei falar dele no passado. Talvez por ele estar tão presente na minha vida. Talvez por eu carregar para cima e para baixo uma bolsa com três Michael Jacksons pendurados. Talvez porque quando alguém me liga, o que toca no celular é Michael Jackson.

Talvez porque quando entro no carro do meu namorado, o que passa lá é Michael Jackson. Não sei. Só sei que, assim como quando eu tinha 6 anos, Michael está presente diariamente na minha vida. É engraçado, qualquer filmagem que você pegar da minha família, você encontra Michael Jackson de fundo. Viagens, festas de aniversário, até a gente assistindo a copa: em algum momento você vai escutar um som com Michael Jackson. Minha infância foi assim.

Lembro de reunirmos as meninas do prédio para inventar coreografias para as músicas do MJ. Era Off The Wall, Thriller e Bad em fita K7 e Dangerous em CD, porque assim, o CD ainda estava surgindo. Lembro que eu realmente não me importava se ele era negro ou branco. Para mim, não fazia a menor diferença se na capa do Off The Wall e do Thriller ele estava negro e em Bad e Dangerous, branco. Para mim era normal. Ele disse em uma entrevista que tinha vitiligo? Acreditei. Simples. No meu prédio tinha um senhor negro que também tinha vitiligo. Achava estranha a pele dele toda manchada. Lembro que pensava "por que ele não faz que nem o Michael e já acelera tudo?". Hoje em dia, ele já está bem branco. Ninguém nunca perguntou para ele se ele tem algo contra sua raça. Aliás, contra sua cor, pois todos somos da raça humana. Diria que o rap de Black or White já responde essa questão.

"Proteção para gangues, clubes e nações, causando aflição nas relações humanas. É uma guerra de territórios numa escala global, eu preferiria ouvir os dois lados dessa história... Veja, não se trata de raças, apenas lugares, rostos. Onde seu sangue vem, é onde fica o seu lugar. Eu já vi o brilhante ficar mais opaco. Eu não vou passar a minha vida sendo uma cor". Lembro que via as histórias sobre pedofilia no jornal e simplesmente acreditava no Michael. Não questionava. Não sei explicar, ele me passava uma inocência, uma cumplicidade, era impossível para mim pensar que ele poderia fazer mal para alguma criança. Meus pais também nunca acreditaram. Isso porque na época eu tinha menos de dez anos.

Dez anos depois, Michael foi julgado, foram três meses desgastantes de julgamento, promotoria tentando provar qualquer coisa contra ele, Estado doido para prender o maior astro do planeta. O que aconteceu no fim? Inocentado de todas as acusações. Não, ele não comprou ninguém. Ele já estava endividado nessa época, com todo dinheiro que tiraram dele. Simplesmente não conseguiram provar nem embriaguez no homem. E no fim, presa foi a mãe do menino que acusou MJ de pedofilia. Por fraude.

É muito fácil julgar, é muito simples enxergar maldade em tudo. Vivemos em uma sociedade na qual você é culpado até que provem que você é inocente. Isso se você não continuar culpado depois disso. Você, por um acaso, já parou para pensar na vida de Michael Jackson? Livre-se de preconceitos, pense nele como uma pessoa. Como uma pessoa que foi obrigada a trabalhar desde os 5 anos. Como uma pessoa com um pai rude, que batia, que assustava, que criticava. Como uma pessoa que teve sua aparência julgada por aqueles que deveriam o amar. Como uma pessoa que cresceu aos olhos do mundo, sem poder crescer por dentro. Ás vezes enxergo MJ como uma criança que você joga no meio da multidão, sem pai, sem mãe, sem ninguém, e pede para se virar. Sozinho. Solitário.

Michael tinha algo único em seu olhar, enxergava o mundo com uma inocência que as pessoas simplesmente não estão acostumadas. Era um grande artista, fenomenal, não se compara. Mas uma pessoa frágil. Imagina você ter tido uma infância e adolescência conturbada, e depois ter pedras atiradas do mundo inteiro sem nem saber o porquê?

Michael nunca teve um momento de descanso, de paz. Nem mesmo depois de sua passagem. Assisto à documentários e minha vontade de dar um abraço nele só aumenta. Você ficaria feliz com o mundo inteiro te chamando de louco? Te criticando? Afinal, quem foi o imbecil que inventou o tal do Wacko Jacko? Aliás, fica um recado: se qualquer dia desses você decidir homenagear Michael Jackson, nunca, em hipótese nenhuma, o chame de "Jacko", ok? É Michael.

As pessoas esquecem que por trás do mega artista tem uma pessoa. Com sentimentos. De carne e osso. Igual a gente. Uma pena que não souberam dar valor ao pequeno menino que só queria salvar o mundo. Assista This is It. Você consegue ver o mal que o pai de Michael fez para a cabeça dele. Michael é um super profissional, perfeccionista, mas tem medo que sua equipe o entenda mal. É tudo "com amor", "por amor", "por isso que a gente ensaia". Talvez os anos de ensaios ao berros e surras que teve na infância o fez ter medo de tudo.


Ainda a impressão que tenho é que Deus colocou Michael no mundo para nos fazer mais felizes. Bem do tipo "vai lá meu filho, canta, dance, faça os dias desse pessoal mais alegre, mas volte logo. Essa será sua missão". Não adianta, Michael já foi eternizado. As crianças de hoje em dia já estão se tornando fãs. Meus filhos? Fácil, serão fãs. Meus netos, no que depender de mim, ouvirão Michael Jackson. Mas só eu poderei dizer que vivi na mesma época de Michael Jackson. Vi o mito. E acompanhei de perto o dia em que Michael conseguiu derrubar o mundo. Derrubou o twitter, o google, as emissoras, os jornalistas, e os fãs, inconsoláveis. O que acompanhamos em junho de 2009 é algo que nunca mais irá acontecer. Nenhum outro artista causará essa comoção em sua passagem. Isso é coisa de mito. Isso é coisa de rei.

Post longo mais uma vez. Post fora do tema do blog mais uma vez. Mas são coisas que Michael Jackson faz você fazer. Não tem como deixar em branco essa data. E mais uma vez não, não foi Elvis que não morreu. Foi Michael. Pois é, ainda não acredito.

Fonte: Blog Cai Muita Garoa

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